Atriz Aline Cunha - Reprodução/Joaquim Araújo
Representatividade

Estrela de 'Hairspray', Aline Cunha relata trajetória abre coração sobre inclusão racial no teatro

A atriz conta como foi interpretar mulheres fortes, e o que mudou durante o processo de cada personagem e deixa conselhos as jovens negras atrizes

Katharina Brito sob supervisão de Isabelly Lima Publicado em 05/11/2024, às 16h37

Aline Cunha é uma atriz e cantora paulistana que vem ganhando destaque e reconhecimento no cenário artístico. Em uma entrevista exclusiva para a Máxima, ela fala sobre mulheres negras conquistando espaços dentro do teatro musical.

Sua trajetória

Ela iniciou carreira de cantora profissional aos 15 anos, se destacando em concursos de karaokê, onde sua habilidade vocal já chamava atenção. 

Aliás, sempre teve uma grande conexão com a música, parte disso é culpa dos seus pais que sempre a influenciaram, apresentando grandes nomes da música nacional e internacional, como: Michael Jackson, Whitney Houston, Sandra de Sá, Tim Maia e Elis Regina. Essas referências e outras, moldaram sua paixão e estilo musical e trilharam parte do seu caminho.

Já no teatro musical, foi totalmente inesperado. Durante uma tentativa de tentar entrar para o elenco de dublagem do filme “O Rei Leão”, ela conseguiu ser indicada para participar de outros projetos que têm relação com a música. 

Durante esse tempo tiveram grandes momentos que foram marcante em sua carreira, e pode se dizer que esse ano entre eles. No primeiro semestre deste ano, ela foi convidada para interpretar a Sister Rosetta Tharpe no musical “O Rei do Rock”. Ela foi uma das figuras mais influentes e pioneiras do rock and roll.

"Interpretar Rosetta foi um dos maiores desafios da minha carreira até agora. Ela foi uma mulher à frente de seu tempo, uma verdadeira revolucionária, e dar vida a essa personagem tão importante me fez crescer muito como atriz".
Aline Cunha em "O Rei do Rock" - Reprodução/Divulgação

 

Representatividade no teatro

Atualmente, Aline está em cartaz com a nova montagem brasileira do musical “Hairspray”, onde interpreta Motormouth Maybelle. Neste papel ela necessita uma grande performance vocal e potente, onde dá a vida a uma mulher forte e inspiradora, que luta pela inclusão e igualdade racial, na década de 1960.

Em uma entrevista exclusiva, Aline conta como se sente interpretando mulheres negras tão marcantes.

“Apesar de uma ser uma personagem e outra nos deixar um legado poderoso, ambas deixam uma excelente história a ser contada para o reconhecimento da luta dos negros por seus espaços. Incrível é que elas têm muito em comum, pois lutavam pela igualdade dos negros em época de segregação, diziam que valia a pena lutar pelos seus sonhos, cresceram em época de segregação e o principal adoravam música“.

Ao falar de Maybelle, sua atual personagem, ela exalta que foi um verdadeiro presente poder da voz a uma mulher exemplar e que representa tantas outras, que estão espalhadas por aí e também vão sentir a mesma coisa que Aline.

“Vejo a Maybelle como uma mulher exemplar: Mãe, dona do próprio negócio, auto estima elevada, apresentadora do Dia do Negro, exemplo de coragem em época de risco, mulher que não desiste dos seus sonhos, GG e linda!  Essa personagem representa o famoso “SIM! Você pode fazer isso”.
Aline Cunha em "Hairspray" - Reprodução/Divulgação

 

E completa, como não se sentia suficiente para viver esse papel, mas que tudo isso mudou se tornou confiança.

“Não me achava merecedora de algo tão maravilhoso. Às vezes ficava inventando desculpas na cabeça pra me colocar pra baixo e justificar o NÃO que eu pensava que iria ouvir. Daí veio o tão sonhado “SIM! Você será a nossa Maybelle” e pensei que realmente se a gente for atrás dos nossos sonhos podemos fazer tudo o que quiser”.

Por fim, a atriz revela o que acha da revolução do teatro em relação à representatividade de mulheres negras. E ressalta que tem muita fé que será um futuro mais inclusivo.

“É encorajador ver mais vozes negras sendo ouvidas e mais histórias sendo contadas no palco, permitindo que atrizes negras brilhem e inspirem audiências de todas as origens. Ainda há desafios a enfrentar, como a necessidade de mais escritores, diretores e produtores negros na indústria, mas tenho fé que o progresso será contínuo com um futuro cada vez mais inclusivo e diversificado do teatro musical para atrizes negras”.

E ainda pontua com conselhos, para o futuro do teatro e jovens mulheres negras que estão começando nessa área.

“Temos uma rica herança cultural e artística da comunidade negra. Conhecer nossas raízes pode nos dar inspiração e força para passar por momentos difícil e comemorar novas portas que foram abertas. Aproveitem as oportunidades que surgirem para que vocês estejam no palco, pois uma das melhores formas de você aprender algo é com a prática. A presença de atrizes negras em papeis diversos abre portas para novas oportunidades de trabalho e desenvolvimento profissional promovendo inclusão e diversidade”.
A atriz Aline Cunha - Reprodução/Joaquim Araújo
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