Angiologista alerta sobre a necessidade de consultar um ginecologista antes de escolher a prevenção
Gabriella Gouveia Publicado em 10/06/2017, às 11h00 - Atualizado em 22/08/2019, às 01h40
Pode ser ótimo
para sua amiga, mas pode trazer sérios riscos para você. Assim é o
anticoncepcional, um método contraceptivo que deve ser indicado por
ginecologista para evitar complicações - como as tromboses. "A agência que
regula as drogas americanas, o FDA, já discutiu os efeitos adversos das novas
pílulas anticoncepcionais e incluiu um aumento de risco nas suas bulas. A
incidência de 12,5 casos a cada 100 mil mulheres que utilizavam hormônios
anticoncepcionais passou para 30,8 casos após a introdução das pílulas mais
modernas", alerta a cirurgiã vascular e angiologista Dra. Aline Lamaita,
membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. "A
consulta ao ginecologista é fundamental, porque na maioria das vezes em que há
uma complicação, um fator de risco está associado. O médico poderá
avaliar", acrescenta.
Trombose x
anticoncepcional - A
angiologista explica que a trombose venosa é um termo que se refere à condição
na qual há o desenvolvimento de um "trombo", um coágulo sanguíneo,
nas veias. "Esse coágulo causa uma inflamação na parede do vaso e é
chamado de Trombose Venosa Profunda (TVP)", explica. A ligação a trombose
e o anticoncepcional é que o hormônio dos anticoncepcionais altera a circulação
e aumenta o risco de formação de coágulos nas veias profundas, dentro dos
músculos. "Quando esse trombo se solta e se desloca até o pulmão, ele é
chamado de Embolia Pulmonar (EP) e em muitos casos é fatal", acrescenta a
médica.
As novas
drogas - Um estudo publicado na
revista especializada The BMJ Today, e que foi conduzido por pesquisadores
britânicos, mostra que as mulheres que tomam contraceptivos orais combinados,
que contêm drospirenona, desogestrel, gestodeno e ciproterona, têm um risco de
trombose venosa quadruplicado em relação àquelas que não tomam pílula. "O
risco é quase duplicado em relação às mulheres que tomam contraceptivos orais
de estrogênio mais antigos, que contêm levonorgestrel, noretisterona ou
norgestimata", conta a médica.
Segundo a
angiologista, diferentemente do que se pensava, meios alternativos de
administração desses hormônios, como adesivos, implantes e anéis não diminuem o
risco: "Geralmente esses métodos vão ter um risco maior em relação aos
anticoncepcionais mais antigos (à base de levonorgestrel), mas mais baixo em
relação aos anticoncepcionais modernos (anticoncepcionais combinados de
microdosagem)", explica a médica. Segundo o estudo, anticoncepcionais à
base de progesterona não parecem ter aumento de incidência de casos de
trombose, assim como o DIU (dispositivo intrauterino) que também funciona com
um hormônio à base de progestágenos.
Fatores de
risco - "Existem casos onde
a somatória de fatores contraindica o uso de anticoncepcionais, por exemplo:
mulher de mais de 35 anos, fumante e com histórico de trombose na
família", conta a médica. "Apenas o médico vai saber avaliar qual é o
seu risco individual e decidir qual é o seu método de escolha." Segundo a
médica, os fatores de risco que podem estar associados são: idade acima de 35
anos, excesso de peso ou obesidade, varizes nas pernas, tabagismo, câncer,
imobilismo, trombofilias (causa hereditária), traumas (especialmente nos
membros inferiores e que requeiram redução de mobilidade temporária), doenças
crônicas (como insuficiência cardíaca ou doença pulmonar crônica) e uso de
medicamentos como quimioterápicos. "Quando é iniciado o uso de
anticoncepcional, o ginecologista fará uma avaliação completa, analisando qual
o melhor hormônio a ser utilizado e levando em consideração as características
individuais de cada paciente".
Mas isso não
significa que as pessoas devem parar o uso de anticoncepcionais. "A
incidência geral de trombose venosa em pacientes em uso de anticoncepcional é
baixa. Seu benefício supera os riscos quando bem indicado", explica a
médica. "Consulte sempre seu médico de confiança e discuta o seu
anticoncepcional. Toda medicação está sujeita a complicações e a decisão se o
risco/benefício dessa droga vale a pena é feito entre você e o seu
médico", finaliza.
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