Além da ausência física, perder um bebê na gravidez ou depois do nascimento abala o emocional de uma família; entenda condição e como lidar!
Isabelly de Lima Publicado em 14/12/2024, às 12h00
Perder um bebê durante a gravidez ou logo após o nascimento é uma vivência que vai além da ausência física. O luto perinatal também envolve o rompimento de sonhos, expectativas e de um futuro idealizado, sendo frequentemente cercado por silêncio e falta de compreensão.
Casos recentes, como os de Sabrina Sato e Rafa Kalimann, trouxeram visibilidade ao assunto. Conforme explica a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do Instituto MaterOnline, essas situações ressaltam a importância de práticas acolhedoras e de suporte especializado para famílias que passam por essa experiência.
A especialista responde às perguntas mais frequentes e oferece orientações sobre como enfrentar esse momento delicado. Veja a seguir:
O luto perinatal ocorre quando há a perda de um bebê durante a gestação ou nos primeiros momentos após o nascimento. Essa experiência não se limita à ausência física do bebê, mas abrange também perdas simbólicas, como o luto por não ter o sexo do bebê que se desejava, por não conseguir realizar o parto idealizado ou por dificuldades relacionadas à amamentação. São situações que interrompem expectativas e precisam ser acolhidas com empatia.
O luto perinatal é uma vivência singular e profundamente pessoal. Algumas pessoas processam a perda em semanas, enquanto outras podem levar meses ou mais tempo. Não há um período certo para lidar com a dor, já que cada um tem seu próprio ritmo para enfrentar as mudanças. É essencial observar se a tristeza começa a afetar o dia a dia.
Quando atividades rotineiras são comprometidas, há isolamento prolongado ou pensamentos de desesperança, pode ser o momento de buscar ajuda especializada. Psicólogos e outros profissionais de saúde mental podem oferecer o suporte necessário durante esse processo.
Enfrentar essa perda exige aceitar os próprios sentimentos e permitir que emoções, como tristeza e culpa, sejam vividas sem repressão. Guardar memórias do bebê, como roupas ou fotos, pode ajudar a transformar a dor em algo significativo. Participar de grupos de apoio e contar com acompanhamento psicológico são fundamentais para ajudar na superação.
Hospitais humanizados permitem que os pais vejam e segurem o bebê, caso desejem, e oferecem a possibilidade de guardar lembranças, como fotografias, a marca dos pezinhos ou uma mecha de cabelo. Essas ações ajudam a dar um significado ao momento da despedida. Em países como a Inglaterra, o uso de berços refrigerados permite que os pais passem mais tempo com o bebê antes do sepultamento.
Uma medida importante é separar as mães que vivenciaram perdas das áreas onde estão bebês recém-nascidos, o que ajuda a minimizar o sofrimento. Além disso, o acolhimento humanizado, com profissionais capacitados e tempo suficiente para a despedida, pode aliviar parte da dor enfrentada pelas famílias.
Sim, e ele deve ser incluído no processo. Muitas vezes, espera-se que o pai seja o “forte” para apoiar a parceira, mas ele também sofre a perda e precisa de espaço para expressar seus sentimentos. O apoio mútuo no casal é essencial para fortalecer a relação e ajudar na superação.
Sim. Além da perda física, o luto pode ocorrer em situações como receber um diagnóstico inesperado, descobrir que o sexo do bebê não corresponde ao desejado ou enfrentar dificuldades para amamentar. Essas perdas simbólicas também causam sofrimento e merecem acolhimento.
Expressões como “foi melhor assim” ou “era vontade de Deus” podem parecer reconfortantes, mas acabam invalidando os sentimentos de quem está vivendo a perda. O ideal é oferecer uma escuta atenta, sem julgamentos, e respeitar o tempo de luto.
Histórias como as de Sabrina e Rafa Kalimann evidenciam que o luto perinatal é mais comum do que se imagina. Falar sobre o tema ajuda a romper tabus, validar o sofrimento das famílias e promover práticas de acolhimento mais empáticas e humanizadas.
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