Distúrbio hormonal acomete mulheres em idade fértil e desregula a menstruação
Laleska Diniz Publicado em 02/12/2022, às 10h00
A síndrome do ovário policístico (SOP) é uma das desordens endócrinas mais comuns em mulheres na idade reprodutiva. Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Síndrome de Ovários Policísticos, do Ministério da Saúde, esse problema atinge cerca de 6%-19% dessa população.
“A SOP é um distúrbio hormonal que acomete mulheres em idade fértil. Nela, há a formação de diversos cistos (pequenas bolsas cheias de fluídos) dentro dos ovários, esses cistos contêm os óvulos imaturos – o que acaba atrapalhando a ovulação e a regularidade menstrual e pode dificultar a gravidez”, diz a Dra. Thais Ushikusa, ginecologista, obstetra e gerente médica de saúde feminina na Bayer Brasil.
Nem todo mundo que tem microcistos apresenta a SOP, conforme explica a Dra. Evelyn Prete, ginecologista, obstetra e sócia-proprietária da clínica Alve Medicina. “É possível ter microcistos no ovário e não ter a síndrome. Para fechar o diagnóstico da síndrome usamos os critérios de Rotterdam, método utilizado na prática clínica para diagnosticar síndrome de ovários policísticos, atualizados em 2006”, ressalta.
A causa específica da síndrome do ovário policístico ainda não é conhecida. “Mas, na maior parte dos casos, a condição aparece devido a uma combinação de diversos fatores, tais quais: mudanças físicas, predisposição genética, resistência à insulina, elevação dos níveis dos hormônios androgênios, entre outros”, conta a Dra. Thais Ushikusa.
De acordo com o Dr. Mauricio Abrão, ginecologista, professor de Ginecologia da FMUSP e Presidente da Associação Americana de Ginecologia Laparoscópica, os sintomas comuns da SOP incluem:
No entanto, a Dra. Thais Ushikusa explica que apenas os sintomas não são suficientes para determinar a presença da doença. “O diagnóstico é feito através de história clínica, exames físicos e exames complementares como dosagens hormonais e ultrassonografia”, afirma a médica, que acrescenta: “De toda forma, as mulheres precisam estar atentas aos sintomas, pois a síndrome pode provocar predisposição ao desenvolvimento de diabetes, doenças cardiovasculares, infertilidade e, até mesmo, câncer do endométrio”.
A recomendação para o tratamento dessa doença varia de acordo com o quadro da paciente. Mas, geralmente, consiste em tratar os sintomas e prevenir as complicações. “O tratamento mais indicado é o uso das pílulas anticoncepcionais para regular o ciclo menstrual, a produção de sebo pelas glândulas sebáceas e os hormônios masculinos”, lista o Dr. Mauricio Abrão.
Também há formas para driblar a dificuldade para engravidar causada pela doença. “Para as mulheres que sofrem com essa condição e desejam engravidar, o tratamento é feito com medicamentos para estimular a produção de óvulos, programação da relação sexual e técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro”, acrescenta o médico.
As alterações no estilo de vida da paciente também são importantes. “A SOP está muito ligada à obesidade e resistência à insulina. Normalmente, a perda de peso e adequação de dieta restabelecem a função ovariana”, afirma a Dra. Evelyn Prete.
Infelizmente não há uma forma de evitar a SOP. Entretanto, alguns cuidados são recomendados. “Como se trata de uma doença endócrino-metabólica complexa e, em alguns casos, com envolvimento genético, as mulheres em idade reprodutiva devem se atentar ao seu estilo de vida e hábitos. Isto é, manter o peso adequado, investir em uma dieta saudável, praticar atividade física e fazer acompanhamento médico”, destaca o Dr. Mauricio Abrão.
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