Apesar de comum, a doença é menos conhecida do que deveria. Por isso, selecionamos as principais dúvidas sobre o assunto
Menstruar é um processo natural, mas nem sempre simples. Se você tem dores durante o ciclo e nas relações sexuais, fique esperta: pode ser endometriose. A doença, que afeta uma em cada dez brasileiras, atrapalha a produtividade e chega até a impedir a gravidez.
O que é endometriose?
Antes de mais nada, você precisa entender o que é o endométrio.Trata-se da mucosa que reveste internamente o útero, na qual o óvulo, depois de fertilizado, se implanta. Quando não há fecundação, parte dessa película sai na menstruação. No entanto, nas portadoras de endometriose, as células do endométrio se fixam nas trompas, nos ovários, na bexiga, no intestino ou no peritônio. “Elas se multiplicam e sangram, como no ciclo menstrual”, diz a ginecologista Ana Lúcia Beltrame (SP), especialista em reprodução humana. O sangue acumulado fora do útero provoca irritação e inflamação. E é aí que surgem as cólicas, as dores pélvicas crônicas e o incômodo durante as relações sexuais. Como se não bastasse, as células do endométrio às vezes ficam sobre o intestino e a bexiga, causando dor ao urinar e evacuar, além de infecção urinária e diarreia. Essas alterações aparecem sobretudo durante a menstruação.
Qual é a causa da doença?
Ainda não se sabe ao certo. A endometriose pode estar ligada a fatores genéticos, ambientais e ginecológicos, mas existem duas principais teorias apontadas pela medicina. “A primeira é a da menstruação retrógrada. O sangue menstrual, em vez de sair pela vagina, volta pelas trompas para a cavidade pélvica e fica lá, podendo grudar num órgão da região. A outra é a da metaplasia, que é a transformação de determinados tecidos em células endometriais. Por exemplo, o tecido da bexiga se converteria em tecido de endométrio, adquirindo as suas características”, explica a ginecologista Mariana Halla (SP). Os médicos ainda investigam o que levaria a essa mutação, mas acredita-se que tenha a ver com falhas no sistema imunológico e com questões genéticas.
Como identificá-la?
O diagnóstico demora, em média, oito anos para ser concluído! “Isso porque, quando o quadro é marcado somente por cólicas, muitos médicos desconfiam de outros problemas e não pedem os exames corretos”, conta Ana Lúcia. Apesar do difundido exame de toque vaginal acusar alterações, como lesões típicas do mal, é o ultrassom transvaginal com preparo intestinal e, em alguns casos, a ressonância magnética que fornecem pistas mais claras. A constatação definitiva só é feita após a videolaparoscopia, cirurgia realizada por meio de pequenas incisões na barriga, e a introdução de instrumentos telescópicos para a visualização e, se for necessário, a retirada das lesões. Daí a importância de contar com um ginecologista capacitado, que valorize o seu histórico e peça uma bateria completa de exames.