Em uma sessão realizada na última quarta-feira, 27, a Câmara reconheceu a escritora e agora ela será registrada no importante livro nacional
Isabelly de Lima Publicado em 28/11/2024, às 18h52
A Câmara dos Deputados, em sessão realizada na última quarta-feira, 27, aprovou um projeto de lei que visa registrar o nome da renomada escritora Carolina Maria de Jesus no prestigiado Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A iniciativa, proposta pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), recebeu parecer favorável da relatora Daiana Santos (PCdoB-RS) e segue agora para análise do Senado.
Carolina Maria de Jesus é amplamente reconhecida como uma das figuras literárias negras mais proeminentes do Brasil. Nascida em Minas Gerais, passou grande parte de sua vida na favela do Canindé, em São Paulo, onde se sustentava e a seus três filhos através da coleta de papéis recicláveis.
Seu livro inaugural, "Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada", lançado em 1960, obteve um sucesso extraordinário, com aproximadamente 10 mil exemplares vendidos na primeira semana. A obra foi traduzida para 13 idiomas e difundida em mais de 40 países ao redor do mundo.
Daiana Santos, responsável pela relatoria do projeto, enfatizou que o impacto de Carolina ultrapassa as fronteiras da literatura, promovendo uma consciência crítica sobre as complexidades da sociedade brasileira. “Carolina Maria de Jesus é referência de mulher negra, da luta e da resistência do nosso povo”, declarou a deputada, conforme veiculado pela Agência Câmara de Notícias.
A relevância do trabalho de Carolina reside na promoção da diversidade cultural e social do Brasil e no combate às desigualdades estruturais. Erika Hilton, autora do projeto, ressaltou o papel simbólico da escritora como bastião de resistência.
Sem nada, sem recurso, sem escolaridade, sem ninguém acreditar, ela foi lá e produziu ciência literária. Se isso não é um exemplo à Nação, o que será?”, questionou.
Contudo, o processo enfrentou oposição. O deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) expressou preocupações quanto à possível "banalização" das inclusões no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Ele alegou que há 25 nomes aguardando inclusão e sugeriu que os critérios estabelecidos pela Lei 11.597/07 não estão sendo rigorosamente seguidos.
Apesar das discordâncias, a aprovação foi amplamente comemorada como um tributo ao impacto duradouro de Carolina Maria de Jesus na história do Brasil.
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