Nessa segunda matéria especial do Novembro Negro, compartilhamos a trajetória do educador social que se tornou uma voz profética no meio evangélico
Quando se pensa em fazer um exercício para traduzir e explicar o que é a teologia negra (que nasce ali sua sistemática nos anos 1960); só que ao invés de se comunicar apenas com acadêmicos e estudiosos, exercitando um diálogo com pessoas mais populares que sabem muito bem sobre essas vivências na periferia: se consolida então a teologia da favela.
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E seu maior representante Brasil afora é o educador social e teólogo, de 38 anos: Léo Maltrapilho; cujo sobrenome foi batizado por ele numa homenagem ao livro de Brennan Manning (Evangelho Maltrapilho - 1990); onde ele mesmo diz que a leitura dessa obra o salvou, e foi então que decidiu usar o adjetivo ‘maltrapilho” como sobrenome para jamais se esquecer de onde foi resgatado por Deus.
Eu acredito no poder revolucionário e transformador da educação” comenta Léo.
Atuante na militância do movimento negro brasileiro, o teólogo e escritor do livro: “Teologia da Favela” pela editora recriar e também pastor evangélico pela igreja antifundamentalista: Garagem Rio. Vem juntamente com o Coletivo Odarah assumindo ao longo desses seis anos de existência um caráter de formação político-cidadã muito forte. Discutindo assim empreendedorismo e cidadania na base, o projeto tem ultrapassado as barreiras do convencional, indo à frente do seu formato inicial.
O Odarah, para além de atrair o público para seus eventos, se movimenta; adentrando espaços de socioeducação e de abrigos, atuando bem próximo à adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social, bem como com as suas mães (igualmente inseridas nesse mesmo contextos), muitas delas vítimas de violência doméstica das mais diversas.
E é através dessa movimentação que o Odarah ganha caráter de MISSÃO, entendendo que a reconstrução social se dá através da juventude, se direcionando para espaços periféricos, onde o silenciamento e a omissão sequestra sonhos diuturnamente, na tentativa de promover a produção cultural da base pela base: através de ações afirmativas de empoderamento da juventude negra.
“Trabalhei 10 anos servindo a população de rua. Foi nesses espaços que eu me humanizei”.
Leonardo não é um pastor apenas do discurso em púlpitos ou postagem em redes sociais; vai muito além disso.
Sua inquietude na militância de promover justiça social, educar e formar pessoas a respeito de políticas cidadãs e a promoção dos direitos humanos afincados com a ótica dos evangelhos, o faz movimentar não apenas como pregador do evangelho, mas também como: escritor, palestrante e um ser que nutre pessoas de informações necessárias para “enxergarem além dos seus próprios umbigos”.
E para essas pessoas que querem focar em algo além de si mesmas e das suas necessidades imediatas; Léo Maltrapilho é uma fonte inesgotável de aprendizado e experiências.
O filho da dona Margareth Celina, lá da Assembleia de Deus que já fazia teologia negra sem saber do que se tratava nos anos 90, em pouco mais de 48 minutos de entrevista ao telefone, me fez sorrir e emocionar com tantas histórias de superação e citações de Paulo Freire, me fazendo transbordar de esperança num Brasil Evangélico Progressista; com novas lideranças como a dele.
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Artur Vieira é um cristão, gay e jornalista que trabalha com o público LGBT+ desde 2013 na internet com o perfil @devoltaaoreino.