A homofobia era intensa, mas não parava a criação artística do fotógrafo Wilhelm Von Gloeden
Ezatamentchy Publicado em 10/05/2024, às 11h30
Na Alemanha do século 19 a homofobia era intensa, mas não parava a criação artística do fotógrafo Wilhelm Von Gloeden (Völkshagen, 16 de setembro de 1856 – Taormina, 16 de fevereiro de 1931). Ele usava a estética clássica, higienizada, para retratar cenas de forte teor homoerótico – uma isca que rendeu exposições e que os veículos de comunicação da época fisgaram, publicando fotos com conteúdo inimaginável para a época.
A tuberculose o forçou a se mudar para a Itália, na Sicília, onde ficou fascinado pelos jovens italianos. O fotógrafo pagava para que eles posassem para fotos tão polêmicas, o que logo tornou a atividade de modelo masculino algo natural na pequena cidade litorânea de Taormina. O dinheiro entra, o preconceito se esconde.
Aproximadamente em 1880, se torna rapidamente famoso por seus cliques de efebos cujas poses foram bastante inspiradas na arte da Antiguidade. Ele apostava em fotografias de garotos nus em cenas bucólicas inspiradas na antiguidade grega, tornando-se um pioneiro na fotografia ao ar livre.
Cerca de 15 anos depois, já vendia suas fotos em larga escala. Mas muitos dos modelos de Gloeden perderam suas vidas durante a I Guerra Mundial. Com esse desastroso momento, houve uma grande mudança social e o fotógrafo viu seu ideal educacional baseado na antiguidade clássica definhar. A procura por seus trabalhos caíram e ele próprio se via abalado por seus modelos mortos.
Wilhelm desde os 14 anos dividiu sua vida com Pancrazio Bucini, que herdou os trabalhos deste alemão que foi uma referência na produção artística antes da I Guerra Mundial. Ficou conhecido internacionalmente no final do século XIX, mas só no início da década de 1970 é que foi redescoberto.
O número de modelos fotografados por Von Gloeden é superior a 7 mil e são de sua autoria mais de 3 mil fotografias, sendo que a maioria delas não chegou aos dias atuais. Grande parte das imagens foi perdida depois da I Guerra Mundial, quando em 1936 a polícia de Mussolini destruiu mais de 2,5 mil fotografias sob a alegação de que elas constituíam pornografia.
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