Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. E o número de vítimas entre as mulheres só cresce
Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia indicam que as doenças cardiovasculares matam mais de 350 mil brasileiros por ano. Há cerca de 50 anos, a cada dez pessoas que morriam de infarto agudo do miocárdio, nove eram homens (90%) e apenas uma era mulher (10%). Hoje, porém, a ala feminina já soma quase 50% do total de óbitos.
O fato é que foram descobertas algumas questões próprias do gênero, que contribuem para o desenvolvimento do problema: o aumento do stress associado a artérias coronárias mais estreitas, além do desconhecimento dos sintomas, o que leva à demora na procura de atendimento. Apesar de alarmante, o cenário conta com uma boa nova: um estudo conduzido pela Universidade de Harvard (EUA), com 84 mil mulheres, atestou que modificações nos hábitos de vida podem reduzir em até 80% os casos de males cardiovasculares — o que reforça a importância das atitudes de caráter preventivo. “Fazer exercícios físicos, manter o peso adequado, não fumar e controlar os fatores de risco diminui as chances de infarto e outros problemas, como o acidente vascular cerebral ou AVC”, ressalta o cardiologista Roberto Kalil Filho (SP). Faça mais pelo seu coração — veja como começar hoje!
1. Atente-se à endometriose
Uma pesquisa publicada pela revista Circulation, da Associação Americana do Coração, mostrou que mulheres com essa disfunção apresentam risco de infarto 52% maior. Nas mais jovens (abaixo dos 40 anos), o fator cresce três vezes! Dentre os principais sintomas da endometriose estão cólicas e dores persistentes no baixo ventre, sangramento excessivo na menstruação e incômodo durante a penetração na relação sexual.
2. Mantenha a pressão controlada
Estudos demonstram que aqueles que possuem pressão arterial dentro do limite de 12 por 8 têm um risco 25% menor de sofrer doenças cardiovasculares. Entretanto, mais de 30 milhões de brasileiros são diagnosticados com pressão alta. “Apesar de ser uma questão hereditária em 90% dos casos, fatores como consumo de álcool ou de sal em excesso, obesidade e diabetes tendem a gerar o quadro”, diz Décio Mion, nefrologista do Hospital Sírio-Libanês (SP).
3. Cuide-se mais na menopausa
Nesse período da vida, o organismo deixa de produzir hormônios como o estrógeno, aumentando os riscos cardíacos. “A substância tem um efeito protetor sobre os vasos sanguíneos que irrigam o coração. Estudos revelam que a reposição hormonal não favorece a saúde cardiovascular”, alerta o cardiologista Marcelo Cantarelli (SP). De acordo com pesquisas americanas, uma a cada nove mulheres na faixa dos 45 aos 64 anos de idade tem algum problema cardiovascular. Realizar exames ginecológicos rotineiros e controlar os fatores de risco é ainda mais essencial na fase.
4. Evite o domínio do stress
“Situações estressantes levam à produção de adrenalina e cortisol hormônios que geram arritmias, elevação da pressão arterial e aumento do risco de trombose e coagulação sanguínea. Assim, o organismo fica vulnerável à ocorrência de infarto ou AVC”, conta o cardiologista Alvaro Avezum, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (SP). Encontre uma maneira de equilibrar as emoções, como desenvolver a espiritualidade, fazer atividade física ou psicoterapia.
5. Proteja-se da baixa umidade do ar
“A atmosfera seca dificulta a dispersão de poluentes, que, quando inalados, podem causar elevações significativas na pressão arterial. Além de aumentar a propensão a derrames e infartos (entre pessoas cardiopatas ou com tendência), a hipertensão aumenta as chances do surgimento de coágulos no sangue, tromboses etc.”, comenta Abrão Cury, cardiologista do Hospital do Coração (SP). Por isso, nessas condições climáticas, evite a permanência em locais poluídos. Nada de caminhar, correr ou andar de bicicleta perto de vias congestionadas ou com muito movimento de carros.
6. Cuidado com o H1N1
De acordo com o cardiologista Edgard Ferreira (SP), para pessoas cardíacas, contrair essa doença é ainda mais preocupante, já que ela compromete as defesas do organismo e a capacidade do coração de bombear o sangue. A gripe pode, ainda, acarretar prejuízos ao sistema respiratório e circulatório, causando descompensação cardíaca, arritmias, angina e infarto. Para evitar o contágio, lave sempre as mãos. Cuidados extras que você pode (e deve) ter: não compartilhar objetos de uso pessoal, manter os ambientes arejados e cobrir o nariz e a boca sempre que espirrar ou tossir.
7. Faça checkups
Os males que acometem o coração começam a surgir por volta dos 30 anos. No entanto, pessoas que apresentam histórico familiar ou fatores de risco devem visitar o médico mais cedo. Após a avaliação, o especialista dirá a frequência ideal dos exames para o acompanhamento do caso.
8. Entenda a síndrome do coração partido
Pesquisadores japoneses identificaram um tipo de problema cardíaco causado por situações de stress, tristeza ou choque extremo, como a perda de um ente querido, um acidente ou divórcio. É a síndrome do coração partido (cardiomiopatia de Takotsubo), mais comum em mulheres. A enfermidade interfere na eficácia do bombeamento do coração e pode provocar infartos e outras alterações, portanto requer tratamento. Em 80% dos casos, os principais sintomas são dores no peito e falta de ar.
9. Afaste o frio
“A cada queda de dez graus de temperatura aumenta em 30% a 40% a incidência de complicações cardíacas”, afirma Claudio Tinoco, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj). É que no frio nosso organismo contrai os vasos para impedir a perda do calor, ação que gera sobrecarga no trabalho do coração. Tem mais: as infecções respiratórias, comuns na temporada, agridem a superfície dos vasos sanguíneos, deixando-os mais vulneráveis. Já sabe: agasalhe-se!
10. Atenção no verão
Os dias quentes podem aumentar o risco de infarto em até 10%. “É que a temperatura elevada, ao contrário da fria, favorece a vasodilatação (aumento do calibre dos vasos sanguíneos), que pode provocar mudanças na pressão sanguínea. Além de ficar em locais bem arejados, evite o consumo exagerado de álcool (se beber, mescle com a ingestão de água) e de sal”, recomenda Abrão Cury.