Saber diferenciar as duas coisas é fundamental para não cair em armadilhas
“Ai que vontade de comer um docinho”. “Humm, uma torta de morango iria bem...”. “Eu comeria uma coxinha agora...”. O que essas frases têm em comum? Elas foram ditas por pessoas que desejavam muito tudo isso. Mas será que elas estavam com fome? Segundo Rodrigo Polesso, especialista em nutrição otimizada, há uma diferença importante entre fome e vontade de comer. A primeira é uma necessidade fisiológica e a segunda, uma necessidade emocional. “Fome é o que sentimos quando nosso corpo sinaliza que precisa de nutrientes e energia através de um sistema organizado de sinais e hormônios. Já a gula - ou vontade de comer - é o que sentimos quando estamos com desejo de comer alguma coisa, porém, não por uma necessidade fisiológica do corpo, mas porque estamos ansiosos, deprimidos ou simplesmente ociosos”, pontua o especialista.
Mas por que normalmente a gente só tem vontade de comer tranqueira? Já reparou que ninguém morreria por uma banana? Segundo David Kessler, no livro O fim da comilança: controlando seu apetite insaciável, em português, existem alguns alimentos que viciam e desencadeiam a compulsão, fazendo com que nosso corpo peça cada vez mais comida. Eles têm em comum pelo menos um desses três ingredientes: sal, açúcar e gordura, conhecidos por ajudarem a liberar dopamina, um neurotransmissor responsável por aquela vontade louca de comer alguma coisinha. “Pratos ricos em açúcar e gordura fazem um reforço positivo no sistema hedônico cerebral, ativando vias de recompensas. E isso é gratificante, o que predispõe ao vício”, diz a endocrinologista Tassiane Alvarenga.
Isso talvez explique porque os primeiros dias da dieta são sempre os piores. “Com uma alimentação mais saudável, o corpo vai se desacostumando com as tranqueiras, e a vontade de comer esse tipo de coisa tende a diminuir”, pontua o nutrólogo Alexander Gomes de Azevedo. Ele afirma ainda que cada um de nós tem um alimento gatilho, aquele que desperta as papilas gustativas, deixando-as enlouquecidas, seja nos momentos de euforia, alegria, tristeza, raiva ou decepção.
Rodrigo Polesso tem algumas dicas para controlar a gula. Confira:
- Na hora que vem aquela vontade de comer um doce, faça um chá ou café quentinho. Quando acabar de tomá-lo, a gula provavelmente já vai ter passado.
- Ache algo pra fazer e se mantenha ocupada. Mente ociosa provoca gula teimosa!
- Certifique-se de estar bem hidratada. Às vezes confundimos fome com sede, sabia?
- Siga uma alimentação saudável no dia a dia. Assim seu corpo vai se desacostumando com esses alimentos viciantes.
- Se precisar mesmo comer algo, pegue um pedaço de chocolate 85% cacau, algumas castanhas ou frutas com baixo teor de açúcar, como morangos, mirtilos ou amoras. Esse tipo de alimento engana a gula sem comprometer a sua alimentação.