Pesquisa indica que cerca de 10 milhões de pessoas no Brasil convivem com problemas nos rins
No dia 9 de março é celebrado O ‘Dia Mundial do Rim’. Coordenado no Brasil pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), a campanha tem como objetivo informar a população sobre a importância da adoção de práticas saudáveis para prevenir e evitar problemas renais.
Segundo dados da SBN, cerca de 10 milhões de pessoas no Brasil convivem com problemas nos rins. Desses, 90 mil estão em diálise (processo de estímulo artificial dos rins), o que demonstra que a doença renal crônica é um importante problema de saúde pública que requer atenção e cuidados, principalmente quando se trata de procedimentos como a hemodiálise.
Caracterizada pela perda progressiva e irreversível da função dos rins, o problema é mais frequente em pacientes hipertensos, diabéticos, que usam anti-inflamatórios não hormonais indiscriminadamente ou com histórico familiar de insuficiência renal, e requer como parte do tratamento a hemodiálise.
O procedimento consiste na colocação de um acesso venoso em local de fluxo sanguíneo elevado. O sangue é então depurado em uma máquina e devolvido ao corpo. O tempo e a quantidade de sessões por semana dependem do estadiamento da doença renal crônica.
O uso de cateter como acesso venoso é o mais comum, mas também o que apresenta mais problemas. Estudo conduzido por profissionais de enfermagem, publicado na Revista da Escola de Enfermagem da USP, apontou que 100% dos eventos adversos relacionados à hemodiálise são de cateter obstruído por coágulo sanguíneo. As complicações envolvendo o cateter podem ser graves e prejudicar o tratamento do paciente.
Outro problema frequente é a retirada acidental da agulha do acesso venoso, que pode causar até a morte do paciente. Levando-se em conta que, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), existem cerca de 133 mil pessoas no mundo que precisam de diálise – aumento de 33% em 10 anos – e esse número deve triplicar até 2030, por isso é preciso buscar formas de melhorar a via de acesso do procedimento.
Segundo o cirurgião vascular Dr. Caio Focássio, Membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular da capital paulista, é possível melhorar a via de acesso da hemodiálise por meio do método endovascular, que pode aumentar a expectativa e a qualidade de vida do paciente. “É uma técnica em cortes, sem fissura, que mantém a fístola, que é o nosso acesso, ativa”, explica o especialista.
Conforme explica o médico, a cirurgia endovascular conecta a veia e a artéria, construindo a fístola com a própria veia ou com uma prótese, geralmente no braço do paciente. “Em dois anos a fístola pode fechar, mas há técnicas para mantê-la aberta por mais tempo”, diz o médico, que completa afirmando: “Com as técnicas endovasculares, é possível triplicar a vida útil, assistindo esse acesso periodicamente e mantendo a fístola ativa com consultas regulares ao médico vascular“, finaliza.
Por Mayra Barreto Cinel