A ex-BBB falou sobre machismo, privilégios e feminismo e situação foi tratada como 'mansplaining' e 'manterrupting'. Entenda os termos
Nesta sexta-feira, 17, Bianca Andrade participou do programa Pânico da Jovem Pan.
Em determinado momento, a bancada, totalmente masculina, resolveu falar sobre machismo. Quando começaram a falar sobre feminismo, Boca Rosa foi interrompida diversas vezes e mal deixarem ela falar.
Além disso, a situação de desconforto aparente da ex-BBB, ficou evidenciada quando descredibilizaram os argumentos e explicações dela sobre o assunto. A atitude é conhecida como Mansplaining.
Termo criado da junção das palavras em inglês man (homem) e explain (explicar). Basicamente, é quando um homem tenta explicar algo para uma mulher, assumindo que ela não entenda sobre o assunto - mesmo entendendo.
Bianca, mesmo mostrando que estava em posição de conhecer mais do assunto do que eles, teve que pedir para falar. Essa situação tem o nome de Manterrupting deriva de man (homem) com interrupting (interrompendo) e acontece quando homens interrompem falas de mulheres.
O clima chato foi uma tratada como uma tremenda falta de respeito. Os apresentadores tentavam a todo momento tirar a validação do argumento dela como mulher sobre um assunto que ela tem vivencia.
"Quanto mais bonita a mulher ela ofende mais","Eu imagino que a Bianca é odiada" e "Eu acho que não é nem questão de ofender o homem, mulheres entre as mulheres também. Eu acho que é a questão maior do que mulheres que falam dos homens. Mulheres que levantam sororidade e falam das próprias mulheres" foram algumas das frases dos integrantes do programa.
Emilio Surita, o âncora do Pânico, sentiu que Bianca ficou desconfortável com as falas.
"Não fiquei 'p' da vida com nada, mas eu tenho aprendido muito e o que eu vi agora é o que realmente acontece. A gente falou sobre o machismo e mais uma vez todos os homens sempre levam pra gente. Como se mais uma vez a gente precisasse ouvir coisas que a gente já ouve. É que vocês estão em situação de privilégio: homem, hétero e branco. Vocês não sabem o que é entrar em uma reunião e o cara não te levar a sério. Vocês não sabem o que é chegar num lugar e o cara te chamar de burra apenas por ser mulher", desabafou
Em seguida, ela continuou o desabafo: "Eu acho que a gente a tem que ter uma consciência das minorias. E quando uma mulher fala sobre machismo nenhum homem pode devolver falando mal de mulher ou que mulher fala mal de outra mulher. Já é fo** a gente tem que lidar em quebrar isso dentro da gente.".
"Quando uma mulher for falar de feminismo se coloca no lugar de ouvinte e tenta entender o porquê. Porque o que a gente tá falando não é a toa. Se a gente está falando, se está existindo esse movimento é porque doí. Quando uma mulher foi falar disso pensa: 'será que eu me coloquei no lugar dela? Será que eu sei o quanto é fo** todo dia ter que trabalhar todo o dia o dobro para ganhar a mesma coisa que um homem? Será que não cansa?", falou.
Boca Rosa, se um dia critiquei, não era eu
— may (@olamaymay) July 17, 2020
POSSO FALAR COMO CONVIDADA? pic.twitter.com/uoGsxUBmgt
Contudo, Emilio rebateu os comentários de Bianca e negou ser um homem privilegiado na sociedade. Visto que Bianca tinha reconhecido seus privilégios como mulher branca. Ela, que foi interrompida diversas vezes, ficou quieta ouvindo o apresentador falar.
Ele falou que machismo e racismo estão inseridos na sociedade brasileira e não considera a Bianca privilegiada: "Você merece o lugar que está. Eu não considero você privilegiada".
Por sua vez, Boca Rosa, respeitou a opinião dele e respondeu: "Eu pensava exatamente como você, mas eu entendi que ser privilegiada não é sinônimo do que ser melhor que ninguém. É você ter privilégios simplesmente por ser de uma cor."
"Que privilégios você teve", rebateu Emilio.
Interrompendo, mais uma vez, a bancada afirmou que ela estava falando sobre preconceitos e não privilégios e ignorou o que ela tinha para dizer. Bianca tentava falar, mas era constantemente deixada de lado e observava os apresentadores conversando entre si.
Até que ela o questionou: "Emilio, me ouve. Posso falar como convidada? Obrigada. Eu acho que assim essa conversa precisa muito mais um olhar acolhedor. Eu me vejo em você como eu era".
Até quando? Até quando o homem vai sempre tentar calar uma mulher quando a mesma estiver falando? Até quando a palavra da mulher vai ser inválida? Nossa sociedade nem está no começo de desconstrução e isso tá mais que nítido!
— samyy🎪💜 (@srodrigxs) July 17, 2020
POSSO FALAR COMO CONVIDADA? pic.twitter.com/3aSJtH4PV0
Após a entrevista, o assunto se tornou um dos mais falados no Twitter com a hashtag 'POSSO FALAR COMO CONVIDADA?' e o debate sobre machismo e feminismo entrou entre os internautas.