Em exclusiva à Máxima, a cantora Karinah falou sobre empoderar mulheres no mundo da música
Máxima Digital Publicado em 17/03/2023, às 14h00
A cantora Karinah é símbolo de força e empoderamento. A artista abre portas para outras mulheres ingressarem na carreira musical e se arriscarem em diferentes ritmos.
Dona de uma voz poderosa no samba e pagode, a ela comentou sobre os desafios de ser uma mulher no samba e no pagode, sobretudo após os 40 anos.
Sincera, a cantora também falou sobre etarismo e os demais preconceitos sofridos no mundo musical.
"Lidar com o preconceito e com o machismo são as piores situações que uma mulher pode enfrentar. Vejo mais oportunidades agora, com 41 anos, do que há 10 anos, quando não tinha maturidade para entender tudo isso e ser refém de um sistema que só funcionava - e ainda só funciona - para homens, seja produzindo ou cantando. Então, foi importante trilhar toda essa trajetória e amadurecer para saber escolher a melhor estratégia e o melhor caminho.", disse.
Ela continuou: "Sou uma mulher muito forte, não tenho medo de desafios e não tenho nem tempo para pensar como vítima de alguma coisa. Eu me vejo como vinho e no samba quanto mais madura e resistente melhor.".
Karinah é considerada uma figura fundamental para ampliação do espaço das mulheres no samba e no pagode, e aos poucos tem conseguido ocupar lugares cada vez mais importantes. Ela contou como avalia essa quebra de estereótipos e esse compromisso de fazer a diferença no segmento.
"Sucesso é trabalho. Assim sempre foi e assim sempre será. Eu não penso muito, eu vou. Não tenho medo de nada. Não sou refém de um sistema, faço tudo como eu quero e no tempo que acho oportuno. Não estou nessa vida para ganhar dinheiro. Estou aqui para fazer a diferença e isso é um propósito. Estar no samba vai além do que somente fazer sucesso. É por isso que faço as coisas no meu tempo - eu tenho outras prioridades também, como a minha família, meus filhos - e não é simplesmente cantar. É buscar um caminho, é servir de referência para as gerações. Por isso, fizemos no ano passado o projeto 'Karinah Por Elas' para mostrar ao mercado que dá, sim, pra fazer um produto bonito, mulheres cantando samba e pagode…", falou.
A cantora continuou: "Existem lacunas no mercado que podem ser preenchidas com essas artistas. É importante abrir caminho para essa nova geração e dar continuidade a esse legado. Há mais de 100 anos a mulher faz história na música brasileira e isso precisa continuar.".
Karinah falou sobre como se sente ao saber que é uma inspiração para várias mulheres: "Eu tenho consciência e tenho gratidão, e é por isso que penso e muito. Faço sempre laboratório musical, converso com compositores porque eu acredito que eles precisam escrever mais músicas para mulheres cantar. Eu não posso fazer o que todo mundo faz. Passei por vários processos e vi que poucas coisas mudaram. A responsabilidade é grande, mas sou uma mulher empoderada como minhas rainhas, que construíram um legado tão importante na música brasileira. Elas são mulheres empoderadas, elas fortaleceram essa base. É um desafio, mas é uma missão!".
Mesmo que as lutas são muitas e sempre difíceis, o importante é seguir em frente. Karinah contou o que a inspira a seguir com coragem.
"Atitude é uma virtude que eu tenho. Atitude é uma virtude de pessoas prósperas. 'Eu não consigo' não existe para mim. Agora, as mulheres da música brasileira são inspiradoras. Não foi fácil, nunca foi fácil. Cada uma construiu sua trajetória baseada na luta e na resistência. Acho que a maior das inspirações é você ter alguém forte para se inspirar, alguém que nunca desistiu, alguém que lutou até o fim e escreveu uma linda história, que continua ainda muito viva mesmo não estando mais aqui… como Clara Nunes, por exemplo, e Bete Carvalho, mulheres do samba que serão respeitadas pela eternidade por tudo que representam e por tudo que construíram. Não foi fácil, mas mesmo assim seguiram com seus sonhos, com seus ideais e propósitos. Eu quero ser como elas! Pode até demorar, mas é isso que me move!", finalizou ela.
