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Modelo é barrada em voo por ser "gorda demais" e diz que empresa áerea não irá devolver o dinheiro

Juliana Nehme contou que funcionária da Qatar Airways no Líbano impediu seu embarque

Máxima Digital Publicado em 24/11/2022, às 11h10

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Modelo é barrada em voo por ser "gorda demais" e diz que empresa áerea não irá devolver o dinheiro - Instagram
Modelo é barrada em voo por ser "gorda demais" e diz que empresa áerea não irá devolver o dinheiro - Instagram

Na última quarta-feira, 23, a modelo Juliana Nehme, foi barrada em um voo da companhia aérea Qatar Airways no Líbano por ser "gorda demais". Ela iria fazer uma conexão em Doha e depois seguiria para São Paulo. Juliana foi para Beirute conhecer a família da mãe, de origem libanesa.

"Estou no Líbano. Vim pela AIR France e foi tudo bem no voo! Vim de passagem econômica e não passei por nenhum constrangimento ou assédio. Comprei uma passagem de volta para o Brasil pela Qatar e chegando na hora de fazer o chek in uma aeromoça da Qatar chamou minha mãe enquanto a moça finalizava nosso chek in e disse para ela que eu não era bem-vinda para embarcar porque sou gorda.", começou ela.

"E eles não iam me receber no voo! Só se eu comprasse passagem de primeira classe. Ela reteve as passagens da minha mãe, minha irmã, meu sobrinho e a minha! Depois de horas implorando, ela devolveu todas as malas que já tinha sido despachadas alegando que eu teria que comprar classe executiva ou não viajaria.", disse.

"Tentei até o final que me permitissem voar, já que estávamos em 4 pessoas viajando juntas, e ela se recusou até o final a vender a passagem para mim! Uma passagem que tem um custo de 3 mil dólares para ser executiva. Eu paguei mil dólares. Fiquei por quase 2 horas implorando para viajar.", falou.

"Minha mãe tentou de tudo. Fui ameaçada. Ao tentar gravar o que eles estavam fazendo, a moça do guichê me empurrou e nada adiantou. Fui ameaçada se não parasse de gravar. Eu estou retida no Líbano. Eles queriam que minha mãe fosse embora e me deixasse sozinha aqui no Líbano. Mas Não falo inglês nem árabe. Ela se recusou", contou.

Após a repercussão de seu relato, Juliana voltou em suas redes sociais para agradecer as mensagens de apoio e revelou que contou com a ajuda da Embaixada Brasileira e do Consulado Brasileiro no Líbano, que estão mediando a conversa com a companhia aérea.

"Estou recebendo muitas mensagens de ajuda. Foi um dia muito difícil. A gente foi cedo para o aeroporto tentar comprar passagem, mas não tenho dinheiro e a Qatar não vai e devolver o dinheiro. Consegui falar com a moça do Consulado e ela ficou uma hora e meia falando com a Qatar daqui.", explicou.

"O que eles disseram é que eles poderiam me vender outro assento, não o executivo. Eu teria que comprar duas passagens só para mim porque 'sou muito gorda e ocupo todo espaço da aeronave'. Tenho que comprar outra passagem e pagar a multa por não ter ido ontem, como se a culpa fosse mim.", falou.

"Tenho que pagar a multa por não ter ido ontem e pela minha mãe não ter ido ontem, sendo que ela ficou para me fazer companhia, coitadinha.", continuou.

Juliana contou que aceitou a proposta, mas quando foi comprar as passagens foi impedida pela companhia. Em seus stories, a modelo contou aos prantos que nunca foi tão desrespeitada em toda vida.

"A moça (do Consulado) falou: 'Ela vai comprar'. Ia dar menos mesmo. 800 e poucos dólares o assento extra e quase 200 dólares uma multa, mais 200 dólares da outra multa. Bem menos que 3.200 dólares que eles queriam que eu pagasse se comprasse a passagem executiva.", acrescentou

"Só que na hora que ela falou que eu estava no aeroporto e queria comprar porque só queria ir embora, eles falaram que eu não poderia comprar porque quem comprou para mim foi a mulher agência de viagem e só ela poderia comprar para eles ressarcirem o dinheiro em forma de passagem.", explicou.

"Devolver dinheiro não vão. Ela compraria esse assento extra Falei com a moça da agência às 16h, e ela disse que eles estavam fechados e teria que esperar até amanhã. Fiquei desesperada. Não quero mais ficar aqui, nunca na minha vida imaginei passar tudo o que estou passando aqui.", falou.

"Já sofri gordofobia de todos os jeitos no Brasil, mas nunca imaginei passar por isso, nunca imaginei ser olhada da forma que fui olhada, ser maltratada como fui, fazer minha família passar por isso", disse.

"Mesmo que eles tenham respondido pela Qatar para a moça do Consulado, ainda não tenho o que fazer, não consigo ir embora, não tenho o dinheiro. A mulher da agência falou que não vai ser fácil conseguir comprar esse assento extra, que a probabilidade de eu ter que pagar os 3.200 dólares é alta e ela não pode fazer nada por mim.", acrescentou.

"Tentei comprar passagens em outras companhias, mas não tenho dinheiro para comprar. Eles pediram dois mil dólares para mim e dois mil dólares para minha mãe. Não tenho quatro mil dólares para comprar essas passagens. Estamos aqui presas. Não tenho dinheiro mais para ficar indo e vindo do hotel. Ninguém faz nada para mim.", desabafou.

 "Li mensagens que diziam: 'É injusto com quem viaja com gordo porque o gordo ocupa o espaço da outra pessoa. Eu sempre fui realista, sei que sou gorda e atrapalho. Eu sempre viajo só se a minha mãe estiver do meu lado porque se tiver que atrapalhar alguém, atrapalho ela.", revelou.

"Com dor no coração, mas ela já está acostumada, deita no meu ombro e a gente não ocupa o espaço de outra pessoa. Isso me magoou muito! As pessoas olham para mim como se gordo fosse um monstro. Minha mãe sempre fala que não sou monstro, sou normal e que ser gordo não é errado.", continuou.

"Estou contando isso porque não quero que outra pessoa passe por isso. Muitas pessoas sofrem isso. Não é uma brincadeira ser gordo no Brasil ou no mundo.", disparou.

"O que eu vivi foi muito horrível, aquelas mulheres olhando para mim como se eu fosse monstro. Faço meu máximo para emagrecer. Faço dieta. Se uma pessoa gorda come um pedacinho de chocolate, as pessoas criticam.", finalizou.