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Paola Antonini fala sobre estreia como atriz e relembra amputação: "Quero ter perninha brilhante para o resto da vida"

A modelo fez sua estreia nas telinhas na série Todo Dia a Mesma Noite, que conta a história da Boate Kiss

Máxima Digital Publicado em 02/02/2023, às 10h10

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Paola Antonini fala sobre estreia como atriz e relembra amputação: "Quero ter perninha brilhante para o resto da vida" - Instagram
Paola Antonini fala sobre estreia como atriz e relembra amputação: "Quero ter perninha brilhante para o resto da vida" - Instagram

Paola Antonini fez sua estreia como atriz na série Todo Dia a Mesma Noite, da Netflix, a trama é uma inspiração do livro de Daniela Arbex, que fala sobre a tragédia na Boate Kiss, de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

O incêndio na casa noturna aconteceu no início de 2013 devido a inúmeras irregularidades na boate, a tragédia deixou 242 mortos e mais de 600 pessoas feridas. No final de 2022, a Justiça do Rio Grande do Sul anulou a sentença do caso e os quatro condenados foram soltos.

Na série, Paola dá vida a personagem Grazi, inspirada na história da sobrevivente Kelen Ferreira, que teve sua perna amputada devido ao incêndio e diversas queimaduras no corpo.

“Atuar sempre foi algo que tive dentro de mim, mas pensava que teria que estudar muito e seria uma longa caminhada. Quando surgiu o convite, achei importante. Queria muito passar e fazer essa personagem, que passa por uma amputação. Achava valioso que eu estivesse ali atuando.", disse Paola.

"Estudei muito, me dediquei demais e me apaixonei por atuação. Ao mesmo tempo que me abria para novas experiências, já que nunca tinha atuado, fui me conhecendo muito também. Nessa, a gente começa a ver a vida com outros olhos. Fui crescendo e aprendendo muito.”, continuou.

Paola tem compartilhado nas redes sociais todos os posts com menção a ela de espectadores da série, além de ter vibrado com o desempenho da trama. Todo Dia a Mesma Noite segue em primeiro lugar na plataforma desde sua estreia, em 25 de janeiro.

A série segue em primeiro lugar na plataforma desde a data de seu lançamento, no dia 25 de janeiro, a atriz falou que não esperava tamanha repercussão: “Não esperava a repercussão. Fico grata e surpresa. Foram muitas mensagens acolhedoras, o que me deixa muito contente. Dei o meu melhor, estudei, coloquei meu coração ali e me abri de verdade."

"Em atuação, não dá para ficar na superfície. Tem que mergulhar, se dedicar por completo. Só queria contar essa história da melhor forma, e espero que tenha conseguido. Acho que as pessoas ficaram felizes com a questão da representatividade, por eu ser uma pessoa com deficiência, o que é importante mesmo”, contou.

Ela ainda falou sobre os meses de preparação antes do início da gravação: “Houve um apoio muito grande de direção, produção e colegas de elenco. A gente sabia que estava lidando com um tema muito delicado e tinha que tratar de forma respeitosa, com os personagens e com a gente."

"Minha preparadora falou: 'Sei que a gente vai mexer com você um pouquinho, porque você vai lembrar algumas coisas que você viveu’”, relembrou ela, que perdeu a perna esquerda aos 20  anos por conta de um acidente de carro. 

Paola ainda relembrou da ida a Santa Maria dias antes da estreia, no bate-papo a atriz falou que encontrou a sobrevivente que inspirou sua personagem: “A gente passou na frente da Kiss, foi na associação, encontrou três pais e alguns sobreviventes. Foi muito marcante para mim, e já queria encontrar com Kellen há bastante tempo.".

"Durante a preparação, a gente não teve contato nem com os pais das vítimas, nem com ela. Ela sabia que eu estava fazendo a personagem, mas não houve troca. Fiz um bate e volta a Santa Maria com Thelmo Fernandes, Débora Lamm (que interpretam pais de vítimas na série) e nossa diretora.", contou.

"Falei para Kellen o tanto que coloquei meu coração ali. A história dela tinha que ser contada, e não está no livro da Daniela Arbex. Então, muita gente nem sabe que houve uma sobrevivente que perdeu a perna. Fiquei super emocionada”, falou.

A atriz também falou que não pulou nenhum trecho da trama, mas respeitou seu momento para ver a série pronta: “Foi interessante assistir porque, por mais que eu tenha gravado, eu não fiz parte de vários núcleos. São imagens muito fortes, ainda mais que a gente sabe que retrata uma tragédia. Assisti parando para respirar porque não tem como não ficar emocionada. Antes da gente gravar, eu já chorava em algumas leituras.".

"Eu e minha personagem tivemos vivências completamente diferentes, mas existe um ponto de ligação, que é o momento de acordar e ver que perdemos a perna. Relembrei muita coisa, mas foram reações diferentes. Depois do acidente, tive muito alívio, gratidão e pensei nos meus sonhos e no que ainda queria fazer. A Grazi tem uma gratidão por estar viva, mas existe um trauma, perdeu as amigas… na cena, a emoção foi verdadeira.", acrescentou.

"Realmente me permiti e acabei lembrando um pouco de mim, pensando que as coisas poderiam ter sido diferentes. Hoje eu vejo o tanto de coisas lindas que aconteceram na minha vida, como ela se transformou para muito melhor. Mas aquela menina Paola de 20 anos, quando acordou, não fazia ideia disso. Estava cheia de medo e inseguranças. Acho que fui para esse lugarzinho da incerteza durante a cena”, relatou.

Paola também relembrou sobre o seu processo após perder a perna: "Quando eu perdi minha perna, houve uma insegurança sobre o que as pessoas pensariam quando eu aparecesse de prótese. Durou pouco, mas nos primeiros dias, eu usava saia longa. Minha primeira foto mostrando a prótese foi de shortinho, e vi que as pessoas acolheram."

"Depois, já fui para um biquíni. E a primeira vez que postei sem a prótese, também teve bastante interação. Esse despertar foi dia após dia, fui me adaptando com o corpo. Esta é minha nova imagem e vai ser assim enquanto eu existir. Foi um processo lento, delicado e respeitoso.", continuouo.

"Nos primeiros dias sem a perna, eu não olhava para a amputação. Olhei primeiro para ela enfaixada, depois sem faixa e depois no espelho, onde eu falei ‘Nossa, dá pra ver mesmo que eu perdi minha perna’. Não forcei nada. Oito anos passados, olho para essa perninha sem prótese e sei que é por ela que estou viva e realizando vários sonhos”, falou.

“Eu aprendi e mudei muito depois de perder minha perna. O propósito que ganhei e as lições que tive são muito mais valiosos do que a minha vida de antes, com a minha perna. Fisicamente, não quero minha perna de volta porque agradeço muito por ter sido escolhida para isso que passei.", disse.

"Eu sabia que tinha que ser comigo. Várias crianças me param e perguntam por que eu uso a prótese. A gente precisa falar e lutar cada vez mais por inclusão e diversidade. Aos 20 anos, tive a chance de conhecer esse mundo e fazê-lo virar a minha causa. Então, quero ter perninha brilhante para o resto da vida”, declarou.