Mudanças de comportamento e de pensamento são essenciais para ficar bem o seu shape; entenda
Existe um corpo ideal para o verão? Como devemos agir diante dessa situação que muitas pessoas passam?
A psicóloga e neurocientista Anaclaudia Zani Ramos comentou essas e outras questões
quando o assunto é imagem corporal.
O corpo do verão existe e é aquele que você se sente bem? "Depende. Não tem problema querer mudar se você está infeliz. Mas quando isso se torna uma obsessão, por exemplo, por um shape milimetricamente perfeito a ponto de ser o que há de mais importante na sua vida, o que fazer? E quando alguém chega e diz que você deveria mudar o seu corpo, sendo que você gosta dele como é, o que dizer?", disse a especialista.
Existem aqueles casos os quais a pessoa gosta do próprio corpo, mas outros dizem que algo deve mudar. Sobre isso, Dra. Anaclaudia orientou: "Se você gosta do próprio corpo, não se incomode com o que os outros falam. Se posicione dizendo que está feliz. Só assimilamos críticas se o que dizem nos leva a enxergarmos algo que não percebíamos, e que se cuidar ficaremos melhores. Mas aí seria uma crítica construtiva e você
pode avaliar se realmente quer mudar ou não".
E para quem gostaria de emagrecer: Além da alimentação equilibrada e da atividade
física, é possível mudar algum tipo de pensamento para melhorar o processo?
"Tomar uma decisão influencia na homeostase, uma força que mantém a rotina usando os pensamentos contrários à tomada de decisão. Ela cria resistência à mudança de comportamento. Saber disso é maravilhoso, pois devemos insistir no querer aquele resultado para a homeostase entender o novo comportamento. O que faz nosso cérebro burlar a decisão de emagrecimento é a escassez. Então o segredo é não ficar com fome. Outra dica é dizer para si mesma que as comidas não sumiram. Colocar uma foto de quando você era mais magra ou no peso que você quer chegar, também ajuda. Nosso cérebro é 80% visual", garantiu a especialista.
Temos casos de pessoas que sempre que ficam ansiosas se alimentam mais. A especialista orientou quais são os truques para comandar o meu cérebro e evitar a autossabotagem.
"Você já tem uma autopercepção. Se o alimento está sendo usado para lidar com a ansiedade, mude o alimento. Coma, por exemplo, cenoura. Outra forma de controlar a ansiedade é praticar atividade física. Para evitar a autossabotagem, o ideal é conversar com você mesma para entender a razão de se sabotar. Mas procurar uma terapia é fundamental nesses casos", sugeriu a psicóloga e neurocientista.
As redes sociais reproduzem a vida e o ‘corpo perfeito’. É prejudicial ficar horas vendo esse tipo de conteúdo? Isso pode contribuir para a insatisfação do nosso corpo?
"Depende do que a pessoa quer com isso. Ver corpos bonitos podem ser incentivo à dieta e ao exercício físico. Agora, ficar olhando e lamentando, ficar triste, achar que não irá conseguir, é melhor usar o bom senso de identificar que está te prejudicando. Você pode limitar seu tempo de uso nessas redes ou deixar de ver", disse.
A pressão pelo corpo perfeito acaba causando a distorção da própria imagem? Quais os possíveis tratamentos para este problema?
"Primeiramente, não acontece igual para todos. Tudo depende de como as pessoas interpretam esse assunto. Se a pessoa tiver distorção da própria imagem, ela tem uma doença que é anorexia, um distúrbio alimentar que precisa de acompanhamento médico e psicológico, com medicação e grupos de apoio", contou a especialista.
A saúde mental pode ficar abalada no processo de busca pelo corpo ideal: "Pode. Tudo o que é excessivo reverbera no corpo físico e resulta em adoecimento. Por isso, em muitos casos, quando a pessoa não está feliz com a sua imagem e, principalmente, quer emagrecer, ela marca uma consulta com o nutricionista ou nutrólogo, e deve fazer um acompanhamento psicológico, para auxiliar nessa mudança, longe de excessos".
O uso excessivo dos celulares e, consequentemente, o acesso a informações pode evitar que a próxima geração sofra com este tipo de problema e tenha uma aceitação do próprio corpo?
"Não! Informações ajudam a falar do assunto e ter esclarecimento, o que proporciona melhores escolhas e até empatia. Mas claro que nada é 100%. Tudo depende da visão de mundo e momento do indivíduo", sentenciou a psicóloga.