O longa francês inspirado em um caso real traz a história de um falso assédio entre aluna e professor e surpreende; veja a crítica
Imagine que você é um(a) professor(a) que ama seus alunos e que tenta fazer a diferença na vida de cada um deles. Até aí, tudo bem, né? Mas imagina ser acusado(a) de assédio sexual por uma de suas melhores alunas de somente 13 anos? É aí que tudo começa a desabar.
Baseada em uma história real, a trama de “O Bom Professor”, longa francês de Teddy Lussi-Modeste, relata o episódio vivido pelo professor Julien, vivido por François Civis, em um colégio de bairro pobre na França.
Julien tenta ser o melhor profissional possível para seus alunos, inclusive leva os estudantes com notas mais altas para comer fora como forma de recompensá-los. Mas tudo isso vira de ponta-cabeça quando uma aluna o acusa de assédio e relata que o professor “dá em cima” dela durante as aulas. Claramente uma confusão — principalmente porque Julien é homossexual —, a escola toda fica sensibilizada com o caso e, claro, dividida.
A família da estudante se revolta contra o protagonista e o ameaça de morte diversas vezes, assim como outros alunos se rebelam graças aos boatos que permeiam a instituição. Por outro lado, a divisão atinge também os professores, já que uns acreditam na inocência de Julien e outros desconfiam de suas reais intenções.
ATENÇÃO: A partir de agora, este texto terá spoilers!
O longa prende a atenção do telespectador de uma maneira instigante. A divisão criada pela atmosfera do ambiente faz com que a pessoa que esteja assistindo também se pergunte sobre a culpa do professor.
O protagonista em si não apresenta nenhum risco em nenhum momento e para ninguém. Mas traz à tona o medo coletivo vindo de casos passados e reais que aconteceram (e acontecem até hoje) em diferentes escolas ao redor do mundo. Pensando em um lado mais técnico, a direção abusa de elementos simples como o silêncio da cena para abusar do sentimento de angústia e desespero — tanto do professor quanto de quem assiste.
A atuação de François Civis é deslumbrante e prova que, apesar de ainda ser um ator jovem, é uma grandiosa potência do cinema francês, consolidada, principalmente, nas cenas em que o protagonista se perde nos próprios pensamentos e se mantém firme quanto a suas convicções e princípios.
O personagem em nenhum momento deixa de lutar pelos alunos, mas naturalmente se revolta com eles e com toda a situação que está inserido. É no momento de raiva que Julien deixa sobressair seu lado explosivo, devolvendo toda a frieza que os alunos os direcionaram durante esse período de desconfiança. O protagonista, até quase o final, se mantém muito pleno. É cinza como a tonalidade das cenas, que exibem que o pacato também esconde grandes dilemas.
Apesar do final aberto, o longa francês é uma ótima pedida para quem é fã de um bom drama psicológico. O filme estreia nos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira, 20. Confira o trailer abaixo: