BH estreia peça sobre a homossexualidade nos anos 1990

 

O grupo surgiu do desejo de trazer para o palco questões que são comuns aos integrantes, focando inicialmente nas narrativas LGBT+. “Queríamos abordar o tema de uma forma não panfletária, e aí surgiu a ficção, onde os assuntos são inseridos indiretamente na vida de cada personagem. Chegamos a um formato mais minimalista, como se o espectador estivesse espiando pela janela da casa”, explica o ator Dhan Lopes.

 

Ambientada em 1999, a peça apresenta os personagens Luis Antônio, Eltin e Vana, que se mudam do interior de Minas Gerais para morar juntos em um barracão no subúrbio de Belo Horizonte. Com cinco meses de aluguel atrasado, eles começam a vender CDs piratas para pagar as contas.

 

A obra aborda como a homossexualidade era vivida no final dos anos 1990, especialmente a parte que precisava ser mantida em segredo. “São três personagens LGBT que vivem juntos e não falam abertamente sobre isso. Tudo emerge nas entrelinhas, e por uma série de eventos, eles são forçados a romper o silêncio. A peça se passa em uma época em que não se ouvia sobre empatia e acolhimento; era cada um por si”, explica o dramaturgo e diretor, Vinícius de Souza.

 

Em uma época cheia de tabus, repressões e opressões em torno da sexualidade, o público acompanha não só as relações homoafetivas dos personagens, mas também sua expressão homossexual.

 

“É como se refletíssemos sobre a vivência homossexual no Brasil de hoje, em 2024, à luz do que foi no final dos anos 1990. Para uma geração que vive a era Pabllo Vittar, é um lembrete de como era a vida dessas pessoas há 25 anos”, pondera Vinícius, que se inspirou em familiares. “Esse é o universo da minha adolescência, das memórias da vivência de alguns parentes. Sempre havia a história do amigo, e quando eu era criança, eles viviam tudo meio escondido. É uma peça cheia de segredos”, conclui.