Dia Nacional da Visibilidade Trans: A resistência por quem sobrevive no país que mais mata pessoas transsexuais no mundo - Arquivo pessoal
Dia Nacional da Visibilidade Trans

Dia Nacional da Visibilidade Trans: A resistência por quem sobrevive no país que mais mata pessoas transsexuais no mundo

Em exclusividade à Máxima, Victoria Ramalho e Caio Antônio Pichinine compartilharam suas histórias expressando o orgulho de pertencer à comunidade LGBTQIA+

Máxima Digital Publicado em 29/01/2024, às 12h00

Como ter visibilidade em uma sociedade que ignora a sua existência? Pior do que isso, te descrimina, te violenta e te mata. O medo de viver por ser quem é, é uma realidade que apavora milhões de mulheres e homens transsexuais no Brasil, que lutam diariamente para não se tornarem mais uma estatística no país que mais mata pessoas trans no mundo. A Victoria Ramalho e o Caio Antônio Pichinine são exemplos disso. No Dia Nacional da Visibilidade Trans, eles compartilharam, em exclusiva à Máxima, histórias reais de quem enfrenta isso todos os dias, como forma de reivindicação pela vida e o respeito às pessoas transgêneros.

Victoria, de 28 anos, especialista em relacionamento com o cliente, contou como foi o processo autoaceitação na adolescência: “Sempre notei que não era um menino convencional. Eu curtia maquiagem, bonecas, coisas do mundo feminino... Até mesmo nas minhas relações, eu sentia que faltava algo, mas acabava deixando o medo da marginalização me impedir de ser quem sou. Sempre tive medo por termos dificuldade de conseguir emprego e vivermos em média até os 35 anos, correndo o risco de sermos brutalmente assassinadas. Não contava com a ajuda de familiares, tinha muito medo da rejeição e de ser expulsa de casa”.

Para Caio Antônio, de 23 anos, assistente de comunicação e relações-públicas, o medo da dura realidade vivida por pessoas trans também foi um impedimento ao assumir a sua identidade. “A fase da transição foi bastante difícil, por conta do medo que sentia toda vez que lembrava dos dados estatísticos de pessoas trans no Brasil. É assustador”, disse. No entanto, diferentemente de Victoria, Caio teve a sorte de contar uma rede de apoio: “Tive o privilégio de contar com o apoio da minha família e dos meus amigos, desde o início. Sei que isso é raro. Ainda assim, o medo da transição de gênero persiste até hoje”.

Além de temer pela morte precoce, a sobrevivência de pessoas transsexuais na sociedade também assusta, que varia desde a dificuldade de conseguir tratamentos médicos ao de sair nas ruas. “Entre as maiores dificuldades que eu enfrento, sem dúvidas é a de achar médicos especializados, que respeitem nossos corpos e nossas demandas específicas. Ainda sofremos muito preconceito dentro dos atendimentos médicos por falta de entendimento ou de interesse sobre o assunto”, contou Caio.

“Não conseguir emprego, encarar os olhares tortos e os comentários maldosos nas ruas, além das constantes notícias de assassinatos às mulheres e homens trans, que me fazem pensar que poderia ter sido eu... Ando na rua com medo, não saio à noite, nem muito menos sozinha, porque infelizmente não temos o direito de ir e vir”, desabafou Victoria. 

Apesar da difícil realidade enfrentada por quem vive em um corpo transsexual no Brasil, Victoria e Caio resistem e sentem orgulho de serem LGTBQIA+. “Medo sempre vai existir, mas nada é melhor do que sermos nós mesmos. Hoje, para mim, ser o Caio foi a melhor decisão que eu tive na minha vida”, afirmou Caio Antônio.

“Independentemente da dificuldade e dos perigos, não existe sensação melhor no mundo do que viver a sua verdade e ser você mesma. Não tenha medo e busque suporte, se não for da família, que seja dos amigos. E faça terapia, ajuda muito. É fundamental termos saúde mental para enfrentar os desafios do nosso dia a dia”, completou Victoria.

Caio Antônio Pichinine Victoria Ramalho

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