Zé é Sócrates e Gianecchini é Fedro, ou vice-versa, não há separação, há fusão dos corpos e das almas
Uma primeira leitura de “Fedro”, de Platão, é o gancho para o início do documentário “Fédro”, primeiro longa-metragem de Marcelo Sebá e que marca o reencontro de Reynaldo Gianecchini com o mestre José Celso Martinez Corrêa. O doc foi lançado em 2021 e está disponível no streeaming no Disney+.
Um dos destaques neste ano da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o filme traz os dois passando o texto adaptado pelo diretor teatral, em que as reflexões filosóficas do diálogo entre Sócrates e o jovem Fédro acerca do amor, da beleza e do desejo nele contidas servem de disparadores para uma verdadeira aula.
Nesse reencontro, o afeto e a coragem ressurgem como lembranças, aprendizados e revisões da existência individual e coletiva. Zé é Sócrates e Gianecchini é Fedro, ou vice-versa, não há separação, há fusão dos corpos e das almas.
Ao contrário do que prega a “religião da psicanálise”, que busca separar os corpos/individualidades pelas neuroses, negando o amor como estado de exceção, como fusão, o diretor e o ator, aos seus modos, negam essa cultura, essa política da neurose, do esquecimento da arte pelo amor.
Por Ezatamentchy