Tatiana Roque é professora do Instituto de Matemática - Reprodução
CIÊNCIA

"Mulheres na Ciência" aborda desafios e avanços na equidade de gênero

Obra organizada por Letícia de Oliveira e Tatiana Roque reúne artigos e entrevistas sobre desigualdade de gênero no ambiente científico

Ezatamentchy Publicado em 17/07/2024, às 13h23

O livro “Mulheres na Ciência: O que mudou e o que ainda precisamos mudar” (leia aqui) reúne seis capítulos organizados pelas pesquisadoras Letícia de Oliveira e Tatiana Roque. Letícia de Oliveira é docente da Universidade Federal Fluminense (UFF) e participante da Comissão Permanente de Equidade de Gênero (CPEG-UFF). Tatiana Roque é professora do Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a primeira mulher a ocupar o cargo de secretária de Ciência e Tecnologia do município do Rio de Janeiro. A obra reúne artigos e entrevistas de pesquisadoras brasileiras que discutem a desigualdade de gênero no ambiente científico.

“O livro nasceu da nossa vontade de compartilhar reflexões e discussões sobre a falta de diversidade na ciência brasileira. As organizadoras e autoras têm experiência em estudos sobre gênero e em projetos que tentam mudar essa realidade desigual”, afirma Oliveira. “Outra motivação importante foi criar um livro-movimento, um livro em construção que contará com a participação coletiva de outras mulheres”.

O livro inicia com uma entrevista com a professora Hildete Pereira, do Departamento de Economia da UFF, descrita por Oliveira como “uma das feministas mais importantes do Brasil”. Os capítulos seguintes abordam a equidade de gênero, estereótipos de gênero e raça, impacto da maternidade na carreira de mulheres cientistas, intersecções entre gênero e raça com foco em mulheres negras e os desafios enfrentados por mulheres nas ciências exatas e tecnológicas.

Vice-presidente da CPEG-UFF e professora do Departamento de Neurobiologia da UFF, Karin da Costa Calaza destaca a importância do livro na democratização de discussões sobre viés implícito e estereótipos. Ela enfatiza que a equidade na academia depende da inclusão de grupos sub-representados como mulheres, pessoas negras e aquelas com diversas identidades de gênero. “Observamos dois problemas principais: a sub-representação de mulheres nas ciências exatas e a escassez em posições de prestígio e poder”, analisa Calaza.

"Os políticos deviam ouvir mais os cientistas e se basear na ciência". Mas como? Em meu artigo no @JornalOGlobo de hoje, mostro como a relação entre ciência e política deve ser aprimorada para enfrentarmos a crise climática. pic.twitter.com/fdreA8Km5u

— Tatiana Roque (@tatiroque) May 21, 2024
De acordo com um estudo do movimento Parent in Science, em 2022, mulheres representavam apenas 35% das bolsas PQ e 27% das bolsas nível 1A, apesar de serem maioria nas ciências (58% das bolsistas da Capes). Calaza menciona que algumas áreas, como a saúde, têm maioria de mulheres na base, mas essa proporção diminui nos níveis mais altos da carreira. “Nunca tivemos uma mulher presidente do CNPq, por exemplo”, destaca.

A falta de participação das minorias sociais nas discussões científicas gera prejuízos para o avanço da ciência. “Na Inteligência Artificial, muitos problemas de vieses surgem pela falta de perspectivas de grupos sub-representados”, analisa Calaza. Ela também menciona desafios específicos enfrentados por mulheres, como a distribuição desigual do trabalho de cuidado e o assédio, que dificultam o desenvolvimento pleno das mulheres no ambiente acadêmico.

Iniciativas como a Comissão de Equidade, Diversidade e Inclusão da FAPERJ e o movimento Parent in Science são citadas por Oliveira como exemplos positivos que promovem a diversidade na ciência. Essas ações incluem editais específicos para mulheres cientistas e mães, além de políticas compensatórias em universidades e agências de fomento.

Por Ezatamentchy 

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