"A disciplina ministrada na Acadepol está sendo revista" - PCERJ/Reprodução
SEGURANÇA

RJ: Metade das denúncias de LGBTfobia não vira processo, diz pesquisa

A pesquisa inédita foi conduzida pelo grupo Pela Vidda, que apresentou os dados a policiais civis da capital fluminense

Ezatamentchy Publicado em 22/05/2024, às 12h16

Pesquisa realizada com um grupo LGBT+ na cidade do Rio de Janeiro (RJ) revela que, apesar de a maioria ter sofrido algum tipo de violência, muitos têm receio de ir a uma delegacia e denunciar o crime. O estudo também mostra que, quando as denúncias são registradas, muitas acabam sendo arquivadas ao serem encaminhadas ao Ministério Público. A pesquisa inédita foi conduzida pelo grupo Pela Vidda, que apresentou os dados a policiais civis da capital fluminense na sexta-feira (17), no Dia Internacional Contra a LGBTfobia.
 
Os dados indicam que as violências mais comuns foram homofobia, relatada por 53,6% dos entrevistados; violência psicológica, por 51,7%; e assédio e/ou importunação sexual, por 45,2%. Quando questionados sobre a probabilidade de recorrerem à polícia em caso de LGBTfobia, a maioria, 29,3%, consideraram muito improvável fazer a denúncia. Apenas 25% disseram ser muito provável que denunciem.
 
A pesquisa foi formalmente apresentada à Polícia Civil como parte de uma ação para sensibilizar os policiais (PCERJ/Reprodução)
 
 
Sobre a preparação do efetivo policial para atender a população LGBT+, a maioria, 65%, classificou-o como “muito pouco preparado”, enquanto 22,3% escolheram “pouco preparado” e 9,1% “razoavelmente preparado”. Apenas 3,5% consideraram o efetivo “bem preparado” ou “muito bem preparado”. Em relação ao tratamento dispensado, 61,7% dos entrevistados acreditam que os policiais não levam as denúncias a sério.
 
A pesquisa incluiu 515 lésbicas, gays, bissexuais, trans, queer, intersexuais, assexuais, pansexuais e outros. Os questionários foram aplicados online e em eventos LGBTQIA+, como o Mutirão de Retificação de Nome/Gênero para pessoas trans e não binárias, promovido pelo Coletivo Gardênia Azul Diversidade, o Cinema Sapatão, e na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), localizada na Lapa, região central da cidade.
 
Entre os que procuraram uma delegacia, 186 pessoas das 515 entrevistadas, 28% disseram que a especificação de crime de LGBTfobia foi recusada e 14% conseguiram registrar após insistência.
 
Segundo a diretora do grupo Pela Vidda, advogada Maria Eduarda Aguiar, "a LGBTfobia é uma realidade na vida das pessoas e precisamos aplicar a legislação para não sermos permissivos com práticas já consideradas criminosas”, afirma Aguiar. “Podemos afirmar que a maioria das pessoas que procuram a delegacia e a Justiça muitas vezes vê seus casos arquivados”.
 
O grupo também levantou dados junto ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro sobre casos de LGBTfobia. Após a denúncia ser investigada pela Polícia Civil, os casos são encaminhados ao Ministério Público para formalização e análise pela Justiça. Nos últimos quatro anos, menos da metade, 48,6%, das denúncias se tornaram processos. Um em cada quatro, 25,7%, foi arquivado.
 
“Ainda temos poucos casos denunciados de LGBTfobia”, diz Aguiar. “A pessoa perde a confiança de que ir à delegacia resultará em algo positivo, e corre o risco de o Ministério Público não considerar o crime”.
 
A pesquisa foi formalmente apresentada à Polícia Civil como parte de uma ação para sensibilizar os policiais, melhorar o atendimento nas delegacias e incentivar mais denúncias desse tipo de crime. Segundo Cláudia Otília, assessora especial da Secretaria de Polícia Civil, estão sendo buscadas formas de melhorar a atuação policial. Ela participou de um evento na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro sobre políticas públicas para enfrentar a LGBTfobia no estado.
 
Entre as medidas, Cláudia Otília destacou a criação de um grupo de trabalho para a temática LGBT+, visando revisar procedimentos e protocolos policiais, e a reestruturação de uma disciplina cursada por policiais durante a formação. “Estamos institucionalizando dois grupos de trabalho, um para a população LGBTQIA+ e outro para a convivência religiosa respeitosa, revisando protocolos e procedimentos institucionais. A disciplina ministrada na Acadepol está sendo revista”, afirmou.
 
Por Ezatamentchy 

Leia também

Tiago Abravanel comemora seu aniversário de 37 anos com festa temática de Halloween


Maya Massafera estreia nas passarelas nacionais em desfile de Gustavo Silvestre


Sofrência! Lucas Pretti aborda término LGBT+ em novo single 'Marlboro"


Diva: Lady Gaga é eleita a celebridade que mais impactou jovens LGBTQIA+


Sandra de Sá aparece seminua em Instagram ao lado da esposa


Cinemateca irá realizar premiére de documentário sobre imprensa LGBT+ no Brasil