A mostra integra a programação anual do museu, que em 2024 é dedicada às Histórias da diversidade LGBT+
Ezatamentchy Publicado em 04/06/2024, às 14h29
No Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), em São Paulo (SP), a vasta trajetória de Mário de Andrade é apresentada sob uma nova perspectiva – a de uma sensibilidade queer. A exposição “Mário de Andrade: duas vidas”, aberta até o próximo dia 9, reúne um conjunto de 85 peças, sendo 31 delas exibidas pela primeira vez, composto por pinturas, gravuras, fotografias e esculturas da coleção do próprio intelectual, atualmente sob a guarda do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP). A mostra integra a programação anual do museu, que em 2024 é dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+.
Em 2015, toda a produção de Mário de Andrade entrou em domínio público, incluindo a correspondência que manteve com outros artistas e estudiosos de sua época. Foi somente a partir desse momento, há nove anos, que sua orientação sexual – até então considerada um tabu – passou a ser reconhecida como um aspecto relevante de sua obra. “Toda vida tem duas vidas, a social e a particular”, escreveu Mário em abril de 1928, em uma carta ao amigo e poeta Manuel Bandeira (1886 – 1968). É desta fala aberta e sincera sobre sua homossexualidade que surge o subtítulo da exposição.
Refletindo sobre itens do acervo particular do autor, a curadora Regina Teixeira de Barros apresenta uma seleção de obras que remonta essa dualidade vivida pelo intelectual entre vida particular e profissional. Segundo ela, “Mário se qualifica ora como um ‘vulcão controlado’, ora tomado por uma ‘feminilidade passiva’; oscila entre ser um pansexual casto (!) e um monstro libidinoso”.
Na exposição, os diferentes aspectos de sua personalidade podem ser compreendidos por meio de trabalhos de grandes nomes da arte brasileira, como Anita Malfatti, Flávio de Carvalho e Candido Portinari.
Na coleção de Andrade, alguns eixos temáticos se destacam na mostra. A presença expressiva de nus masculinos, por exemplo, é apresentada sob um viés modernista. Se entre os séculos 15 e 19 o desenho do corpo humano era usado como parte do estudo tradicional da pintura – tendo a perfeição anatômica das esculturas gregas como referência –, nas obras adquiridas por Mário, os nus são, em sua maioria, exercícios praticados em aulas de modelo vivo.
Mário de Andrade: duas vidas MASP: Av. Paulista, 1578 - Bela Vista, São Paulo - SP www.masp.org.br
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