Aos 30 anos, Íris já enfrentou muitos desafios na vida, mas hoje tem seu próprio negócio e sonhos bem altos para conquistar
"Tenho 30 anos e o meu lado empreendedor aflorou muito cedo. Veio de querer ter o que meus amigos tinham, mas que naquele momento meus pais não podiam me dar, sendo um período bem oportuno para entender essa importância.
Eu ainda não sabia o que era empreendedorismo, mas sabia que quando trabalhava em tudo que podia, alcançava os meus objetivos, ainda muito pequenos, então passei a vender geladinho, legumes, catálogos, roupas e muitos outros itens.
Nasci na Bahia e me mudei para São Paulo com a ideia de uma vida melhor, como muitos nordestinos fazem, e por um longo período eu deixei o empreendedorismo de lado e passei a focar na vida como dançarina, viajando muitas partes do Brasil. Chegou um momento que não estava completamente feliz, com uma rotina exaustiva e com a perda da minha essência.
Nasci para me tornar uma mulher de sucesso, foi a promessa que fiz a mim mesma ainda criança, após uma exposição na escola em homenagem ao Dia da Consciência Negra, onde o mural só tinha pessoas pretas acorrentadas, sem nenhuma referência de sucesso. Foi quando prometi que eu seria essa referência para outras crianças como eu.
Após largar a dança, trabalhei em várias áreas distintas. Achei que já estava preparada para retomar ao empreendedorismo. Decidi abrir minha própria loja de roupas, a Paixão Jeans, mas em menos de três anos baixei as portas. Aprendi na prática que só coragem não é o suficiente e que o conhecimento é a base para evolução.
Em 2012, me tornei Auxiliar de Operações em uma transportadora, uma empresa com Plano de Carreira. Decidi galgar todos aqueles degraus, mas sabia que somente o conhecimento me levaria adiante e fiz vários cursos internos oferecidos pela empresa e externos para implementar o meu currículo, incluindo Gestão de Pessoas, Gestão Empresarial, Administração, Computação, Tecnologia, e muito mais.
Com todo esse conhecimento, passei a gerir um grupo de amigas, onde eu repassava tudo que aprendia, tendo impactos significativos na operação dentro do meu setor e passei a ser notada. Após sete meses, fui promovida e tinha sob a minha gestão duas equipes, não reportava mais aos líderes, e sim, diretamente ao Coordenador, criei metodologias e fluxos de trabalho que foram implantadas em todos os turnos. Depois de seis meses como Conferente e conhecendo todo sistema da empresa, fui promovida a Líder.
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Foram quatro anos atuando num segmento que me encantei tanto, a ponto de cursar Logística para entender quais as dificuldades e poder oferecer soluções para a minha empresa e para o mercado de modo geral. Em 2016, quando saí da empresa, me dediquei à vaga de Vereadora pela cidade de Barueri, infelizmente não ganhei, mas foi uma grande experiência.
Decidi que voltaria a empreender, mas dessa vez do jeito certo, colocando em prática o que havia aprendido e com muita disciplina. Queria aproveitar o recurso que tinha para investir em algo, não só trazendo dinheiro, mas também a felicidade em atender a necessidade de alguém, ser profissional sem esquecer o lado humano.
Participei de algumas feiras voltada ao público de empreendedorismo e em quase todas o mercado de Beleza era a “bola da vez”. Busquei todas as informações de referência, o que o cliente espera. Assim, decidi investir em um nicho que considero necessidade e nasceu a Manual do Cabelo, anteriormente chamada de Manual do Afro, loja online com vendas em marketplace de cabelos orgânicos e sintéticos.
Iniciei em casa e com o passar do tempo e o número de clientes crescendo fiz uma parceria com um salão de beleza e instalei a minha loja dentro do próprio salão. A parceria deu tão certo que aumentei o mix de produtos e passei a comercializar cabelos naturais.
ENSINAMENTOS DA PANDEMIA
A pandemia tem ensinado a nos reinventar. Já que desistir não é uma opção, a meta é transformar, até o final deste ano, a Manual do Cabelo no maior e-commerce de cabelos multimarcas do País.
Para 2021 tenho outro desafio que é o lançamento da startup Luxo Mobile, onde sou CEO e fundadora. A plataforma, que conecta profissionais da beleza ao cliente final, nasceu de uma “revolta interna”, quando perdi uma campanha publicitária por não conseguir profissionais com agenda disponível para me atender. Desenhei literalmente toda situação e transformei esse desenho em um aplicativo. Percebi uma deficiência no mercado que já é considerado tão tecnológico, mas que dentro deste nicho faltava agilidade e imediatismo, pois vivemos sempre ocupados, atarefados e sem tempo.
EMPREENDER NÃO É FÁCIL, MAS É POSSÍVEL!
O mercado atual não está nos melhores cenários para investimento. Fundar uma empresa em tempos normais já tem seus desafios e no meio de uma pandemia é algo ainda mais complexo. Vivemos com muita incerteza, produtos necessários sendo inflacionados, desemprego, portas fechadas, um vírus real que tira vidas, principalmente das pessoas pretas.
A nossa esperança está em nós mesmos e em cada fé, mas a conta chega, a dispensa se esvazia, o aluguel vence, o leite acaba e a esperança vai junto. Todo empenho para lançar uma empresa no meio de uma pandemia é para impactar a economia, fortalecer o empreendedorismo e devolver trabalhos".