A cantora fez um show de abertura do carnaval em Salvador na última quinta, 27, e foi vaiada por foliões após passar por polêmica de racismo religioso
A cantora Claudia Leitte foi alvo de vaias por parte de alguns foliões na cerimônia de abertura do carnaval em Salvador, ocorrida nesta quinta-feira, 27, no circuito Osmar, localizado em Campo Grande. A artista gerou polêmica ao modificar o nome de um orixá em uma de suas canções, o que resultou em acusações de racismo religioso.
As vaias se intensificaram no momento em que Claudia Leitte foi apresentada por Carlinhos Brown. Entretanto, em meio à hostilidade, também houve manifestações de apoio à cantora, com fãs gritando seu nome. Registros do episódio rapidamente ganharam notoriedade nas redes sociais.
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— Cássio Oliveira (@cassioolivveira) February 28, 2025
Claudia Leitte foi vaiada após subir no trio para cantar na abertura do carnaval de Salvador (BA), nesta quinta-feira, 27, no circuito Osmar (Campo Grande).
A artista virou alvo de denúncias de racismo religioso. pic.twitter.com/az9tM43HmY
A cantora fez parte do "camarote andante", uma iniciativa liderada por Carlinhos Brown, que contou com a presença de diversos artistas renomados, incluindo Sarajane, Ricardo Chaves, Daniela Mercury, Márcio Victor, Serginho, Gilmelândia, Felipe Pezoni, Xanddy Harmonia e representantes dos grupos Olodum e afoxés como Filhos de Gandhy e Cortejo Afro.
A alteração controversa ocorreu quando Claudia Leitte decidiu mudar um verso da canção "Caranguejo" após sua conversão ao evangelicalismo. O novo trecho diz: "Eu canto ao meu Rei Yeshua", substituindo a frase original que faz referência à rainha Iemanjá.
Após as críticas recebidas, Carlinhos Brown defendeu a colega, afirmando que sua decisão não implica preconceito. Tatau também manifestou apoio à cantora, enfatizando que o carnaval transcende qualquer individualidade e que é um momento de união.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) deu início a um inquérito para investigar se houve ato de racismo religioso por parte da artista. A investigação surgiu após um show realizado por Leitte no Candyall Guetho Square, em Salvador, onde a cantora novamente fez uso da letra alterada.
Em vídeos amplamente compartilhados online, é possível ver Claudia cantando a nova letra desde 2014, ano em que se converteu. A mudança gerou intenso debate nas mídias sociais e foi objeto de comentários de figuras públicas como o ex-secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, e Bárbara Carine, professora e vencedora do Prêmio Jabuti.
O inquérito visa apurar possíveis responsabilidades civis associadas a atos que possam ser considerados racismo religioso, considerando as implicações culturais e os direitos das comunidades religiosas afro-brasileiras envolvidas.