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Monica Iozzi entrega seus segredos para alcançar o sucesso

Parece que foi ontem que Monica Iozzi despontou na TV como repórter. Mas sua trajetória já soma oito anos com sucessos. Cheia de garra e sem medo do desconhecido, a gente aposta: ela ainda vai voar muito mais longe

por Patrícia Affonso Publicado em 09/10/2017, às 09h00 - Atualizado em 22/08/2019, às 01h40

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Monica Iozzi - Gustavo Arrais
Monica Iozzi - Gustavo Arrais
Bater um papo com a estrela Monica Iozzi, 35 anos, é deliciar-se com a leveza de alguém que sabe exatamente o que quer e se move na direção dos próprios sonhos. “Ouço muito meu coração, as minhas vontades! Se vai dar certo, eu não sei. Mas sei que preciso tentar”, confessa. E desde cedo foi assim. Opinião alheia? Caminho mais fácil? Ambiente mais receptivo? Nunca foram essas suas diretrizes para fazer algo. Tanto que uma das marcas da atriz é mudar de rumo e lançar-se, cheia de coragem, em desafios que a tiram da famosa zona de conforto. Quem não se lembra, por exemplo, de sua entrada no programa jornalístico Custe o Que Custar (2009), o CQC, da Band? Até a chegada da morena, o programa era composto apenas de homens. “Isso me lembrou que, quando eu era pequenininha, o padre disse que precisava de coroinhas para as missas. Comecei a prestar atenção e vi que só tinha meninos. Fui questioná-lo se eu podia participar e ele permitiu. Eu nem gostava de ir à missa, fiz mais para testar se conseguiria e para aparecer mesmo! Nunca vi no meu gênero um empecilho para fazer algo”, conta. De lá para cá ela já foi comentarista do Big Brother Brasil (2014), fez novela (Alto Astral, 2014), apresentou o Vídeo Show (2015) e recentemente encarou sua primeira protagonista, na série Vade Retro. Autêntica, fala com paixão e sem filtros dos temas pelos quais se interessa: política, desigualdade, direitos das mulheres, e por aí vai. Tamanha sinceridade já rendeu até um processo – Monica foi condenada a pagar 30 mil de indenização ao ministro Gilmar Mendes por discordar de uma de suas atitudes num post na internet. Conheça um pouco mais dessa mulher versátil e decidida. É de inspirar!

Quais são as suas lembranças da infância?
Nasci em Ribeirão Preto, cidade que me remete a quintal de vó, pé de jabuticaba carregado, brincar na rua com os 23 primos... Uma delícia! 

Você parece ser superfamília. Como foi sair de casa?
Fui para Campinas aos 19 anos para cursar artes cênicas, pois consegui uma bolsa na Unicamp. Desde os 15 anos eu dizia que queria me mudar. O destino sonhado, porém, era o Rio de Janeiro, pois achava que todos os atores moravam lá. 

Então a dramaturgia é um desejo antigo?
Sim, desde criança eu já sonhava em atuar. Imitava a viúva Porcina (Regina Duarte), de Roque Santeiro (1985), amava a Duda (Malu Mader), de Top Model (1989), e digo que se houver um remake de Vale Tudo (1988) e não me derem o papel da Heleninha Roitman (Renata Sorrah) ficarei magoadíssima. Aos 16 anos eu já estava decidida. 

Como soube da seleção para o programa CQC?
Uma amiga me avisou. Para participar, era preciso mandar um vídeo. Comentei com um primo e ele se animou, arranjou uma câmera. Eu tinha um terninho que usava para trabalhar em eventos, pedi uma gravata emprestada e saímos gravando em Ribeirão, no maior improviso. Para minha surpresa, o vídeo passou na peneira. 

Achava que iria vencer?
Acreditava que essas coisas de televisão eram combinadas. Pensava: “Ah, é porque eu sou divertida, mulher. É interessante me deixar na competição, mas, na próxima fase, já era...”. Aí, passava de novo! Isso ajudou, porque eu não fiquei nervosa. Resolvi curtir, conhecer os bastidores... Quando anunciaram, fiquei muito surpresa! 

Como foi a experiência?
O começo não foi fácil. O público era muito resistente à ideia de ter uma mulher ali. Além disso, cobri por quatro anos o Congresso Nacional, ambiente repleto de machismo. Já na primeira entrevista, um deputado veio passando a mão pela minha cintura. Falei que queria respeito e dei um tapa na mão dele! Ali eu já percebi que teria que ser durona. Foi minha postura até o fim. 

Com tudo o que viu nos anos de CQC e o que acompanha hoje, acredita que o país tem jeito?
Eu digo que o meu fio de esperança está fino, mas é de aço e não se rompe. Temos que crer e lutar. Fico triste, mas desistir não é uma opção. 

Deu medo de deixar o Vídeo Show e tentar a carreira de atriz?
Não! Não sou uma pessoa muito ligada a estabilidade e segurança. Sigo meu coração. É claro que podia dar errado. Mas encarei com muita alegria, porque era um desejo muito forte. 

Conte sobre como foi receber o convite para ser protagonista e viver a Celeste, de Vade Retro?
Inusitado! Eu e o Otaviano estávamos apresentando um prêmio, e o Mauro Mendonça Filho disse que queria falar comigo. Marcamos uma reunião e ele contou do projeto. Fiquei empolgada, mas tensa, é claro! Quando ele disse que eu ia contracenar com o Tony Ramos, pirei! 

Tem algum tipo de personagem que gostaria de interpretar?
O que me interessa é fazer papéis desafiadores. Não tenho medo nenhum, o novo me estimula. Agora eu estou buscando personagens que dialoguem menos com o humor. 

Acompanha as coisas que são publicadas sobre você?
Às vezes... Quando não é legal, tento entender, mas não perco o sono. Não dá para levar as críticas tão a sério. Senão a gente enlouquece e perde nossa essência tentando agradar ao outro. 

Por que saiu das redes sociais?
Acho que elas nos tomam muito tempo. Outra coisa é que falo sobre temas como direitos das mulheres, da população LGBT, política, e algumas pessoas reagem com muito ódio. Antes de voltar, preciso recobrar a fé no ser humano. 

O que mudou com a fama?
Não me sinto diferente. Às vezes até me questiono se tenho que mudar em alguns pontos. Uma coisa que passa na minha cabeça, sempre, é ter a consciência de que estou sendo ouvida por milhões de pessoas. E aí, o que eu quero falar? Essa é a preocupação: adequar o meu discurso.

Se sente melhor hoje do que aos 20 e poucos anos?
Com certeza! Eu era muito passional e impulsiva. Hoje, aprendi a me domar. 

O que ainda falta lapidar?
Sou caótica com horários. Se não me policio, vou dormir às seis da manhã. Também preciso conseguir me colocar mais, deixar claro o que quero, quem eu sou e o que penso. 

Como lida com o envelhecimento?
A sociedade age como se as mulheres não tivessem o direito de envelhecer. Isso porque a idade mexe com o que as pessoas consideram mais valioso: a beleza, a jovialidade. É claro que eu senti as mudanças: antes não fazia nada para manter o corpo. Hoje, preciso me cuidar. Mas quero ser uma mulher bonita de 40, de 50 anos... Viver a minha idade real, envelhecendo bem. 

E quais são seus cuidados?
Não durmo maquiada, passo filtro solar e hidratante, sempre. Não tenho paciência para academia, então estou num momento de testar modalidades para ver o que me agrada. Tenho uma boa refeição por dia, só. No geral é o jantar, com muita salada, grãos... Mas posso passar horas sem comer... Aí belisco um pouco aqui e ali. 

Você está solteira e disse que precisava disso. Por quê?
Eu vinha emendando relações havia 15 anos. Nunca me preocupei com essa coisa de amor da vida, me envolvia com pessoas para compartilhar coisas boas naquele momento. Estar sozinha é se redescobrir. Sempre fui muito de fazer concessões, de trocar. Agora estou aprendendo a me ouvir, ir no meu tempo, focar nos meus planos. É uma liberdade incrível! 

É feminista?
Com orgulho! Muita gente não entende o que isso significa. Veja, a gente não deseja estar acima dos homens. Queremos igualdade de direitos e deveres, também. O machismo, quando levado ao extremo, mata. O feminismo, quando levado ao extremo, impede que as mulheres morram. Apesar de muita coisa já ter mudado, ainda há muito a conquistar! Temos que lutar para exercer a mesma função ganhando o mesmo salário, para usar a roupa que a gente quiser sem que isso seja colocado como justificativa para um abuso, para sermos ouvidas e respeitadas no ambiente de trabalho... Outra coisa que precisa mudar é a ideia de que as mulheres competem entre si, enquanto os homens são uma fraternidade. Vamos nos unir e nos fortalecer! 

Qual é o barato de ser mulher?
Acho que a gente tem um olhar mais sensível, profundo, que consegue ler nas entrelinhas. Tem uma pesquisa que diz que temos mais canais de atenção do que os homens. Eles conseguem focar em uma coisa por vez; a gente, em três, quatro. 

Um grande sonho?
Pegar o Hugh Jackman (risos). Falando sério: quero fazer um filme que seja o trabalho da minha vida. Ah, e ganhar uma Palma de Ouro!

DE: MONICA
PARA: VOCÊ

3 dicas para ter a coragem de buscar seus sonhos

1- Pergunte-se: “Do que eu tenho medo?”. Uma vez com a resposta, comece a pensar em como transpor o ponto que empaca a sua mudança. Use esse questionamento para clarear as ideias e abrir as possibilidades. 

2- Dê espaço ao novo. Precisamos deixar coisas pelo caminho para que as novas aconteçam. O convite para ir para a Globo só apareceu quando eu abri mão do CQC e da segurança de ser contratada da Band. 

3- Aceite que pode, sim, dar errado. E tudo bem! É melhor fazer a tentativa do que amargar um eterno “e se...”.