O projeto Meu Corpo É Real, idealizado pela estilista Michele Simões, 34 anos, chama a atenção da indústria para outros perfis de consumidores
Em 2006, sofri um acidente de carro. Eu estava no banco de trás, dormindo, e despertei com o tranco da batida. Ao tentar me movimentar percebi que não conseguia levantar nem mexer as pernas. Já sabia, naquele momento, que havia ficado paraplégica. Foi dificílimo acreditar, porém nunca pensei que minha vida acabaria ali. Não me conformo com o que as pessoas dizem sobre o que eu posso ser ou fazer, e isso me ajudou muito na superação.
Sou estilista, e uma das coisas que ficaram muito claras após o acidente foi o quanto a pessoa com defi ciência é invisível para a moda. Antes eu tinha fácil acesso às roupas, podia comprar tudo o que queria e, de repente, eu não conseguia encontrar mais nada, pois o meu corpo e a minha condição haviam mudado. Além dos tamanhos e das modelagens nunca se enquadrarem ao corpo, o deficiente enfrenta outras questões, como provadores não adaptados para cadeirantes, lojas sem suporte audiovisual para cegos, vendedores despreparados... Pensando nisso, resolvi criar o projeto Meu Corpo É Real, que visa ser uma ponte entre clientes e marcas.
Produzimos um minidocumentário com portadores de deficiência falando das dificuldades quando o assunto é se vestir e mostrando que é preciso — e possível — abraçar as diferenças. A ideia é começar a despertar o conceito de moda inclusiva.
Com o tempo, o projeto foi ganhando força e, hoje, não se baseia apenas em pessoas com deficiência, mas em todas as minorias que não se sentem representadas pelo universo fashion: magras demais, obesas, baixinhas... No Instagram
@meucorpoereal publicamos os relatos dessas pessoas. Meu sonho é que um dia nos tornemos importantes e nos sintamos verdadeiramente retratados pela indústria da moda.
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