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LGBT / STREAMING

Série mexicana traz protagonismo de homem trans

Ao longo do caminho, a série queer vai desconstruindo a masculinidade enraizada na cultura mexicana

Ezatamentchy Publicado em 30/08/2024, às 14h55

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Charly (Luis Tirado) participa do lendário concurso - Reprodução
Charly (Luis Tirado) participa do lendário concurso - Reprodução
Por Eduardo de Assumpção*
"Rei Charly" (El Rey de los Machos, México, 2024) Na cidade fictícia de San José de las Tunas, Charly (Luis Tirado), um jovem transgênero que passou recentemente por uma transição, participa do lendário concurso "El Rey de los Machos" para determinar quem é o jovem mais macho, num tradicional concurso do vilarejo.

Criada por Manolo Cohn e Gastón Duprat, a atração gira em torno de um concurso de ‘macheza’ em um povoado fictício que representa os valores conservadores da sociedade mexicana.

Ao longo do caminho a série vai desconstruindo a masculinidade enraizada na cultura mexicana, com Charly triunfando em cada prova, espelhando as contrações de um processo de mudança e visibilidade LGBTQIA+.

Charly não é apresentado como um mero jovem queer, mas como um indivíduo cheio de complexidades, camadas e questões pendentes a ser resolvidas. Em meio à provas de Touro Mecânico e Mariachi, ele irá deixar o amor florescer e mostrar o verdadeiro significado da masculinidade.

Christian Chávez, conhecido pela novela "Rebelde", atua como Jerónimo, um prefeito corrupto, que vê nos resultados do concurso a oportunidade de ganhar votos. O personagem fornece boas doses de humor a série, que são dosadas por momentos mais sérios,  Do elenco adulto também destaca-se Alejandro de la Madrid, de "Cuatro Lunas", como o amoroso pai de Charly.

Através de um olhar crítico, a série não se limite a explorar apenas a experiência trans masculina e LGBT+, mas também masculinidade tóxica, transfobia, papéis de gênero e estruturas de poder.

Entre alguns tropeços, o mais bonito em "El Rey de los Machos", é que a atração traz a questão da transmasculinidade para dentro da TV latino-americana, oferecendo um olhar fresco, sem ser didático, para que o espectador reflita os papeis de gênero na sociedade contemporânea.

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib
Por Ezatamentchy