Um pediatra e uma psicopedagoga dão dicas para familiares oferecerem qualidade de vida ao autista
Quando uma família descobre que um integrante tem algum tipo de transtorno mental, é sempre difícil de lidar. Esta terça-feira, 2, é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo e a MÁXIMA Digital traz informações para ajudar os familiares a agirem nesses casos.
Para isso, o pediatra e neurologista infantil Clay Brites explicou alguns detalhes do distúrbio.
O que é autismo?
Brites afirma que este é um transtorno de neurodesenvolvimento, caracterizado por um atraso ou ausência de percepção social. O que quer dizer que a criança pode “ter problemas de interação social, distúrbios ou problemas significativos de comunicação social.”
Além disso, ela ainda apresenta comportamentos diferentes: coloca todo o seu foco em determinados objetos, assuntos ou coisas, e repete sistematicamente várias ações.
No caso do Arthur, que é primo da pedagoga Maria Amanda Silva dos Santos, ele não falava até os 3 anos: "Na época, a gente acreditava que era por causa do excesso de medicamentos", diz a prima. O menino havia passado por uma cirurgia quando tinha 9 meses e acabou tendo que tomar muitos remédios no começo da vida.
Quais são as causas desse transtorno?
O médico conta que as explicações ainda não são claras, mas alguns fatores de risco são:
Uma vez que a família descobriu o distúrbio na criança, como deve agir?
Brites explica que uma das formas de minimizar os sinais de autismo é “detectar nos primeiros dois anos de vida e intervir precocemente.” Ele diz que diminuir os comportamentos antissociais com remédios ou terapia também são fatores importantes.
Luciana Brites, especialista em Educação Especial, ressalta que o tratamento deve envolver a família e a escola: “A família tem que estar 100% imersa nesse tratamento. Porque a gente trabalha com mecanismo de neuroplasticidade”, ou seja, para reabilitar as funções que estão alteradas no cérebro, precisa haver estimulação constante.
A família do Arthur só descobriu o autismo dele quando ele foi para a escola, onde levantaram essa hipótese. A partir deste momento, seus pais buscaram terapias: fonoaudiólogo e psicólogo.
E Maria Amanda alerta: "É muito importante os pais estarem sempre atentos e verem se os filhos se adaptam à aquela escola, a aquele ambiente, se ele está se deenvolvendo", como foi o caso de seu primo.
É necessário colocar em uma escola especial? Ou pode deixar a criança em uma escola regular?
Segundo Luciana, isso depende da seriedade da doença: “Existem casos, por exemplo, de crianças com autismo que a gravidade é tão importante que, às vezes, tem que fazer toda uma intervenção antes e fazer a inclusão aos poucos em uma escola regular.”
O Arthur, por exemplo, sempre estudou em escola regular. No começo, ele tinha auxiliares para ajudá-lo, hoje, aos 16 anos, não é mais necessário. O jovem acompanha o conteúdo sozinho.
A criança deve saber que tem autismo?
“Vai depender do nível de conhecimento que essa criança tem”, afirma Luciana. Se a criança perguntar “por que eu faço isso?”, por exemplo, ela diz que, uma saída, é explicar: “Porque cada um tem um funcionamento diferente. Sempre colocando essa questão do respeito às diferenças de cada um.”
O mais importante, é que não haja sofrimento para a criança: “Essas condições não podem limitar. Elas tem que ser entendidas e, a partir daí, estimuladas para que essa pessoa que tem autismo consiga se adaptar às demandas do meio e, acima de tudo, ter qualidade de vida”, conclui.