O nosso corpo precisa de vitaminas, minerais e outros nutrientes para se manter jovem e saudável. Mas será que é necessário, mesmo, ir além do que a alimentação nos oferece?
Pessoas saudáveis e que seguem um menu equilibrado não precisam de suplementos nutricionais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), comer adequadamente significa ingerir cinco ou mais porções de frutas, legumes e verduras por dia (400 g). Essa quantidade fornece as vitaminas, os minerais e as fi bras de que o organismo necessita. Os vegetais ainda têm antioxidantes, que eliminam os radicais livres e atuam na saúde do coração, cérebro, fígado e outros órgãos. Mas a recomendação não é seguida pela maioria dos brasileiros, que vive estressada, pula refeições e opta pelos industrializados, o que pode gerar carências nutricionais. “Nesse caso, é importante complementar a alimentação”, diz a nutricionista
Paula Castilho (SP). É necessário também suplementar a dieta de atletas, gestantes e idosos, por exemplo, que tendem a eliminar nutrientes por razões específicas. “A deficiência de vitaminas pode causar cansaço, falta de ar, insônia, problemas ósseos, queda do sistema imunológico e problemas de visão”, afirma a nutricionista
Shalimar Diniz (RJ).
Suplementação personalizada, sim!
Por mais que a propaganda prometa força, bem-estar, beleza e saúde de ferro, resista ao impulso de tomar uma pílula sem indicação de um médico ou nutricionista. O endocrinologista e nutrólogo Wilmar Accursio (SP), presidente da Sociedade Brasileira para Estudos do Envelhecimento e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina Estética, explica que toda e qualquer suplementação deve ser individualizada e orientada (a partir de exames laboratoriais) para não fazer mal. “Ao consumir algum nutriente que o corpo não precisa, corre-se o risco de acumulá-lo no organismo, já que nem sempre o excesso é excretado pela urina. O grande perigo são as vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), que acabam sendo armazenadas nos órgãos, sobrecarregando-os”, pondera Wilmar. O uso de minerais e vitaminas hidrossolúveis, caso da vitamina C, sem orientação de um especialista, também é preocupante, pois o excesso pode interferir na absorção de outros nutrientes importantes. É aí que entra o cuidado médico: “Há vitaminas e minerais que devem ser prescritos separadamente. Só para ter uma ideia, o cálcio e o ferro competem entre si para serem absorvidos”, esclarece Shalimar.
Vitamina por conta própria, não!
Mesmo que você tenha certeza de que precisa de uma vitamininha, porque se alimenta mal, leva uma vida desregrada ou está doente, não caia na tentação de ir à farmácia e comprar um produto por conta própria. “Essas pílulas possuem inúmeros compostos que alteram o metabolismo. Além disso, quando desnecessárias são prejudiciais à saúde. O consumo elevado de sódio, por exemplo, eleva o risco de desenvolver hipertensão”, alerta Paula. O excesso de vitaminas em geral pode prejudicar rins e fígado: altas dosagens de vitamina A favorecem a osteoporose, e de vitamina D afetam os rins, as veias e as artérias. “É preciso tomar cuidado para não fazer uso frequente ou prolongado de nenhum polivitamínico em dose superior à recomendada diariamente de acordo com a sua idade e sexo. Assim você evita uma intoxicação”, afirma Paula. Mais: “A vitamina C em excesso pode propiciar o acúmulo de ferro no sangue, que produzirá uma quantidade maior de radicais livres para combater. Sendo assim, em vez de prevenir o envelhecimento, você estará acelerando-o”, alerta Wilmar. Vale lembrar que “os micronutrientes são mais bem absorvidos pelo corpo na forma de alimento, e não de cápsula. A solução é aprender a comer”, destaca Paula.
Fase X necessidade
Confira quais são as substâncias mais importantes para as mulheres de acordo com a faixa etária, segundo a nutricionista Paula Castilho:
•Pré-adolescência
Multivitamínicos só devem ser tomados se houver deficiência de algum nutriente. O ideal é que a dieta supra todas as necessidades.
•Adolescência
Mudanças físicas e bioquímicas exigem nutrientes específicos para acontecerem. O ácido fólico e a vitamina B12 ajudam no crescimento, e as vitaminas B6 e D são necessárias em quantidades maiores para o crescimento dos tecidos e do esqueleto. A importância das vitaminas B1, B2 e B3 também cresce à medida que eleva a demanda de calorias. Vitaminas A, C e E atuam na estrutura e função das células recém-formadas. Cálcio, zinco e magnésio são necessários para aumentar a densidade óssea.
•A partir dos 20 anos
Invista em ferro, cálcio e ácido fólico. É importante manter os níveis de vitaminas A, C e E, licopeno, betacaroteno, ômega 3 e silício em prol da beleza e da saúde da pele. “Selênio, zinco, ferro e silício engrossam a lista de nutrientes que contribuem para a síntese de colágeno, essencial na sustentação do tecido cutâneo”, comenta a nutricionista funcional Andrea Santa Rosa (RJ).
•Acima dos 50 anos
É natural diminuir a absorção de alguns nutrientes, como o cálcio, as vitaminas B6 e B12, e, por isso, pode-se adicionar um extra de vitamina D. O corpo já não produz ácido sufi ciente para quebrar a vitamina B12 dos alimentos. Portanto, pede a reposição dela por meio de suplementos e alimentos fortificados.