TRUQUE: Beber café para secar
as reservas de urina do corpo
VERDADE: O café pode apresentar
efeito diurético, por isso algumas
pessoas recorrem a ele antes de sair
para viagens longas, por exemplo. O
problema dessa tática é que os efeitos
não são controláveis. “A cafeína tende
a exercer um estímulo direto na bexiga
levando a um desejo repentino de
urinar”, diz o urologista Marcos Lucon
(SP). Daí, o esvaziamento pode
ser imprevisível. Como a sensibilidade
não acontece para todos, é importante
fi car atenta à maneira como
o seu corpo reage. Se notar aumento
importante das micções após o consumo,
restrinja-o a uma ou duas xícaras.
TRUQUE: Investir em refeições
coloridas e ricas em fibras
VERDADE: Encontradas em
frutas, legumes, verduras e grãos integrais,
as fibras combatem a incontinência
associada à constipação. “O
reto se localiza perto da bexiga e tem
algumas inervações em comum. Fezes
compactadas e constipadas podem
provocar hiperatividade da bexiga
e aumentar a frequência urinária”,
esclarece Marcos. Outra questão:
quando as fezes ficam muito ressecadas
e é preciso muito esforço para
evacuar, pode ocorrer, ao longo do
tempo, o afrouxamento dos músculos
do assoalho pélvico, tornando-os
menos eficazes na retenção urinária.
TRUQUE: Pular na água gelada
para tonificar a bexiga
VERDADE: Realmente um
mergulho na piscina fria contrai a
bexiga. Na verdade, o choque causado
pela temperatura baixa provoca
contração nos músculos do corpo
todo. No entanto, a reação é breve e
não pode ser inteiramente controlada.
“A situação muscular irá regredir
imediatamente para o normal
quando você for exposta à temperatura
ambiente”, observa Cássio.
O truque, portanto, é ineficaz já que
não controla a micção. Ao contrário:
pode estimulá-la. Quando o órgão é
pressionado ele libera a urina na
uretra para que ela seja eliminada.
TRUQUE: Adotar a técnica de
visualização da flor
VERDADE: Quem sofre de incontinência
deve conhecer o kegel,
grupo de exercícios de fortalecimento
dos músculos do assoalho pélvico,
que podem ajudar a evitar as perdas
de urina involuntárias. Há quem garanta
que unir a prática à técnica de
visualização garante resultados mais
satisfatórios. Funciona assim: identifique os músculos envolvidos no processo
de retenção de urina, feche os
olhos e contraia-os enquanto imagina
que sua vagina é uma flor e que as pétalas estão se fechando. Em seguida,
relaxe a musculatura visualizando a
abertura das pétalas. Faça dez repetições três vezes ao dia. “A utilização
de um referencial imaginário facilita
muito o aprendizado e a execução do
exercício”, afirma Lelah Monteiro
(SP), fisioterapeuta urológica e uroginecológica.
Mas atenção: não realize
os movimentos com a bexiga cheia ou
enquanto estiver urinando. “Nessas
situações, as manobras causam dor e
são menos efetivas, pois há a sobrecarga
do peso da bexiga”, alerta Lelah.
TRUQUE: Limitar, ao máximo, a
ingestão de líquidos
VERDADE: Mas beber menos
água, apesar de parecer uma solução
óbvia, não é recomendável. “O corpo
humano precisa do líquido para seus
sistemas funcionarem em harmonia”,
destaca Cássio Andreoni, chefe da disciplina
de urologia da Universidade
Federal de São Paulo e professor da
Escola Paulista de Medicina. Ao restringir
o consumo de líquidos a urina
fica concentrada, o que pode ser um
fator irritante para a bexiga, aumentando
os episódios de urgência para a
micção e, consequentemente, acidentes
desagradáveis. Beba, pelo menos,
2 litros de água diariamente. Para saber
se está se hidratando corretamente
cheque a cor da sua urina: se estiver
escura, é preciso beber mais água. O
tom ideal é o de uma limonada fraca.
Origem da
incontinência
Na maior parte dos casos,
o problema ocorre devido
ao enfraquecimento da
musculatura pélvica.
O aumento da bexiga — que
acontece quando a pessoa
está com excesso de peso —,
a gravidez, o parto e as
mudanças hormonais na
menopausa são outras causas
possíveis. Traumas na coluna,
problemas neurológicos,
doenças crônicas (como o
diabetes), o uso de alguns
remédios e até o tabagismo
também aumentam o risco.
Isso sem falar do avanço
da idade, que diminui a
capacidade de controlar a
vontade de urinar. A indicação
do tratamento dependerá
do quadro: podem ser usados
medicamentos associados
à fisioterapia ou, em casos
específicos, intervenção
cirúrgica. O mais importante
é procurar um especialista
ao menor sinal do problema.
O diagnóstico e o tratamento
precoce aumentam
as chances de sucesso
contra o pinga-pinga.