Em um bate-papo exclusivo com a Máxima Digital, a artista contou detalhes de sua carreira e revelou que tem projetos novos vindo por aí
Lorelay Fox é uma artista! A Drag Queen e Youtuber coleciona uma legião de fãs que se inspiram em sua arte e em sua força.
Ela também é uma defensora da comunidade LGBTQIA+. Lore sempre faz questão de levantar a bandeira e levar seu conhecimento por onde passa.
“Eu acho que todo mundo que tem algum papel de destaque em alguma minoria, tem a oportunidade de levantar as nossas bandeiras. Eu gosto de falar que é uma oportunidade porque eu acho que não existe essa obrigação, eu acho que a gente não tem o dever de levantar as bandeiras, não. Mas eu acho que é aproveitar desse privilégio que a visibilidade traz, pra conseguir trazer pautas, esclarecer posicionamentos, motivar as pessoas a se engajarem… Eu acho que esse é um papel muito legal a se desempenhar, e eu fico muito feliz de ter conquistado esse posicionamento.”, contou a estrela em um bate-papo exclusivo com a Máxima Digital.
E a artista é muito maior que isso tudo! Em fevereiro, a youtuber divulgou um vídeo em seu canal no Youtube o qual falava sobre as cobranças que os membros da comunidade sofrem para defenderem a causa.
“Eu sempre recebi muita cobrança, mas, desde que começou a pandemia, eu mudei bastante o foco do meu canal. Eu decidi realmente ‘militar menos’, como as pessoas falam. Trazer menos essas temáticas de pautas LGBT, e temas mais leves e divertidos para todo mundo. Com isso, agora, mais de um ano desde que tomei a decisão de remodelar o conteúdo do canal, a cobrança diminuiu. Acho que as pessoas entenderam que a gente não precisa se posicionar a respeito de tudo, mas no começo do meu canal, em 2015/16/17 principalmente, quando não tinham outros youtubers LGBTs e drags - tinham bem menos youtubers de destaque -, a cobrança era muito grande, e a cobrança não só para gente se posicionar, mas para sermos um exemplo também.”, contou.
A Drag Queen e youtuber falou sobre como lida com esses tipos de comentários: “Com o tempo a gente vai aprendendo a filtrar aquilo que as pessoas esperam e aquilo que a gente pode entregar. Não dá para gente entregar tudo o quê as pessoas esperam, e não dá para gente se cobrar por isso, porque é uma luta em vão. Por isso que, justamente nesse ano, eu decidi mudar bastante. Eu vi que quem queria realmente causar uma mudança social e se engajar em pautas, não precisa ficar pedindo para eu fazer um vídeo. A maioria das pessoas que pedem vídeos, e pedem para gente se posicionar, não querem ver a gente trazer soluções pras questões, elas querem que a gente se coloque na roda, para gente se queimar, para elas verem o quê nós vamos falar e decidirem se vão atacar a gente ou ficar do nosso lado para gente atacar outras pessoas.”.
“A maioria da cobrança por posicionamento, hoje em dia, na verdade, é uma cobrança por ataque. As pessoas querem um linchamento virtual, um cancelamento, e isso é algo que demorou para cair a ficha para mim, e quando caiu eu falei: ‘Nossa, eu não posso pertencer a esse tipo de jogo!’. Eu acho que é a cultura da internet hoje, não acho que as pessoas fazem de propósito, mas é isso que o efeito manada da internet acaba causando. As pessoas querem um linchamento atrás do outro, uma polêmica atrás da outra, ninguém quer entender de verdade, as pessoas só querem alguém para chutar.”, continuou.
Lore é uma artista! “Eu acho que, principalmente no começo do meu canal, as pessoas me colocavam nessa caixinha de militante. Todos os trabalhos que eu fazia eram pautados com base nisso, as publis que eu fechava também eram pautas só em temas LGBT e eu tinha que ser a drag que falava só sobre diversidade.”, disse.
Ela investiu em uma série de projetos que dão ainda mais visibilidade e sua carreira é formada por diversas plataformas online.
“Hoje em dia isso já mudou muito, ainda mais porque quem acompanha mais o meu canal, o público que é assíduo, e principalmente quem acompanha meu podcast, minhas redes sociais, enfim, todas as redes que eu trabalho começaram a mostrar muitas facetas de mim. Isso fez com que diversificasse mais a imagem que as pessoas têm de mim, e é um trabalho consciente que eu fiz, de tentar mostrar pras pessoas que eu não pertenço a essa única caixa que eles me colocam. Tanto é que, hoje em dia, as pessoas quando falam de drag, falam de mim, mas parece que o meu papel como youtuber vem antes do meu papel como drag, o que eu acho legal, acho que diversifica bastante!”, contou.
Um passo por vez, esse pensamento está mudando. A youtuber comentou sobre o tema: “Eu acho que essa mudança de pensamento é necessária, mas como eu falei, tudo tem que ser um movimento consciente. Não dá para gente esperar que as pessoas mudem a forma de agir, mudem a maneira que tratam a gente, se a gente não se tocar que a gente também precisa mudar algumas coisas aqui. Eu mudei meu conteúdo, parei de fazer tudo o que as pessoas pediam, e as pessoas foram entendendo. Acho que é um processo de mão dupla, não dá para culpar só a cultura tóxica da internet se a gente também não pensar se a gente está colaborando para essa cultura tóxica. Acho que todo mundo tem uma parcela de culpa e todo mundo é capaz de proporcionar uma solução.”.
E claro que a gente não poderia deixar de comentar sobre os planos futuros e pedir alguns ‘spoilers’ do que está por vir.
Com muito bom humor, Lore contou detalhes do que podemos esperar: “Meu plano para o futuro é casar com o Chay Suede! [risos] Meus planos pro futuro, eu pretendo ainda esse ano lançar um livro sobre um tema que eu tô trazendo bastante, que é o tema da autenticidade. Pretendo investir bastante no meu podcast, que é uma mídia que eu gosto muito e que o feedback que eu recebo é muito legal, muito diferente de todos os outros conteúdos que eu criei! E pretendo continuar pensando cada vez mais no que eu acho que é criar uma comunidade legal, que faça bem pras pessoas, que não cobre tanto de mim e que me humanize. As pessoas desumanizam muito o criador de conteúdo, pedem a todo momento que a gente entregue o que eles precisam, mas e o que a gente, que é criador, precisa? Eu acho que tô conseguindo construir uma trajetória nesse sentido, de algo que fique sincero, transparente e leve, para quem assiste e para quem produz.”.