Alessandra Augusto falou sobre a importância de referências de sucesso durante a batalha contra a doença
O mês da conscientização do câncer de mama começou. O Outubro Rosa é marcado por uma forte influência de famosas que já enfrentaram essa situação e demonstram apoio e solidariedade às mulheres que estão passando por esse momento.
Ana Furtado chamou a atenção de seus fãs pela forma como lidou com a doença. A apresentadora fala abertamente sobre o assunto e sempre se mostrou positiva e otimista em suas redes sociais.
A MÁXIMA DIGITAL conversou com a psicóloga Alessandra Augusto sobre a importância de personalidades positivas e casos de sucesso na hora do tratamento contra a doença.
MÁXIMA DIGITAL: Qual a importância de falar também sobre a saúde mental da mulher que descobre um câncer?
ALESSANDRA AUGUSTO:É importante cuidar da saúde mental ao receber um diagnóstico de câncer, porque muitos pacientes despertam raiva, de inconformidade. Eles passam por etapas de aceitação. A princípio, é difícil aceitar esse diagnóstico, porque ainda tem, culturalmente, esse fantasma da morte, mesmo com todos os avanços da medicina. Então o diagnóstico já é de difícil aceitação e ainda vem com esse caráter da morte, mesmo sabendo que não é verdade, tendo casos de sucesso.
É importante cuidar da saúde mental, porque o paciente passa por várias fases até a aceitação desse diagnóstico e cada um tem sua maneira própria de receber e digerir essa informação nesse momento.
É importante para que o indivíduo entenda suas emoções e sabia trazer equilíbrio para ela, para não descontar nos outros, para não se auto-punir por aquela situação.
MÁXIMA: Famosas que assumem ter a doença sempre se mostram otimistas. O pensamento positivo ajuda na cura da doença?
ALESSANDRA:Sim, manter um pensamento positivo e otimista é importante durante um tratamento oncológico. Isso melhora muito o sistema imune. Quando eu estou aberto ao tratamento, quando eu tenho apoio dos familiares e amigos, eu sinto confiança no que eu estou fazendo, repercute muito na eficácia desse tratamento.
MÁXIMA: A autoestima da mulher fica abalada?
ALESSANDRA:Juntamente com a resposta do pensamento positivo, vem a autoestima. Sim, a autoestima fica muito abalada. Como eu disse, as pacientes passam por algumas fases desde o diagnóstico: a aceitação, a raiva, a autopunição. Cada indivíduo vai reagir de uma forma.
Com relação à autoestima, dependendo do tratamento, fazem mudanças no corpo. As mulheres podem ficar inchadas, ter queda de cabelo, então mexe com a autoestima sim. Eu preciso que quem esteja em volta dessa rede de apoio venha reforçar essa autoestima, esse amor-próprio que o indivíduo precisa ter em meio à todas essas mudanças.
MÁXIMA: Quais doenças mentais podem surgir após o diagnóstico?
ALESSANDRA:Sim, as doenças mentais mais comuns que vem com esse diagnóstico são: depressão, transtorno do pânico, medo de vir a não sobreviver, ansiedade.
MÁXIMA: Qual a importância do apoio da família a essa mulher?
ALESSANDRA:O familiar entra como co-terapeuta. Eu preciso que esse familiar entenda esse comportamento de co-terapia. Por isso que hoje temos equipes especializadas na área de oncologia para estar dando amparo ao paciente e aos familiares. Esses tratamentos se estenderam aos familiares, porque eles precisam entender a co-terapia. Ela vem como rede de apoio para esse paciente, que vem, por vezes, achanado que é um peso para a família, achando que está sobrecarregando com trabalho, no tratamento. Então eu preciso que esse familiar esteja com esse pensamento de co-terapia junto com a equipe médica levando conforto, apoio a esse paciente. Esse tratamento tem como intuito dar apoio e acolhimento ao paciente.
MÁXIMA: E em que momento é necessário o apoio de um profissional de saúde? Como deve ser o tratamento psicológico de mulheres com câncer?
ALESSANDRA:O apoio psicológico deve vir junto com o diagnóstico. Nós temos o indivíduo que está investigando, pesquisando e teve esse diagnóstico de câncer, já foi passado para ele todo o protocolo de como será o tratamento. Junto com ele, o profissional da área da saúde mental deve estar acompanhando o paciente e o familiar, porque ele também sofre com isso. Logo após o diagnóstico, é preciso que essas pessoas recebam esse tipo de acompanhamento.