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LGBT / DIREITOS

Paola Abache é uma mulher trans que deixou a Venezuela e agora é miss

Em novembro deste ano, a população indígena refugiada no Brasil alcançou 10 mil pessoas, com 66% pertencentes à etnia Warao, o grupo indígena mais antigo da Venezuela.

Ezatamentchy Publicado em 25/06/2024, às 11h01

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"Sempre gostei das passarelas e de concursos de beleza, e sempre quis ser assim, igual àquelas pessoas que eu via” - ACNUR/Manoela Bonaldo
"Sempre gostei das passarelas e de concursos de beleza, e sempre quis ser assim, igual àquelas pessoas que eu via” - ACNUR/Manoela Bonaldo

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) divulgou que a população indígena venezuelana no Brasil atingiu a marca de 10 mil pessoas em novembro deste ano. Entre essas histórias de migração e adaptação, destaca-se a de Paola Abache, uma mulher trans que deixou a Venezuela em 2019, fugindo da crise socioeconômica e da discriminação.

Desde jovem, Paola sabia que era uma mulher, mas enfrentou resistência e preconceito em sua comunidade. “Eu me vestia e maquiava escondido para que minha família não soubesse. Sempre gostei das passarelas e de concursos de beleza, e sempre quis ser assim, igual àquelas pessoas que eu via”, contou.

Atualmente, Paola vive no abrigo Waraotuma a Tuaranoko, em Boa Vista, Roraima. O local, criado pela Operação Acolhida, foi nomeado pelos próprios moradores e significa “local onde descansam os Warao”. Em novembro deste ano, a população indígena refugiada no Brasil alcançou 10 mil pessoas, com 66% pertencentes à etnia Warao, o grupo indígena mais antigo da Venezuela. Outros 27% são da etnia Pemon, e o restante inclui as etnias Kariña, Eñepa e Wayúu.

Atualmente, Paola vive no abrigo Waraotuma a Tuaranoko, em Boa Vista, Roraima (ACNUR/Manoela Bonaldo)


Aos 23 anos, Paola descobriu sobre um concurso de Miss em Boa Vista e decidiu participar. “Eu pensava, participe, isso vai ser bom para você”, lembra. No entanto, a inscrição trouxe dúvidas. “Minha nacionalidade é venezuelana: será que posso me inscrever, será que vão me aceitar?”.

Enfrentando dificuldades financeiras, Paola contou com a ajuda de amigas para conseguir vestidos e maquiagem. “Na hora eu estava muito nervosa”, revelou. “Quando chegou a minha vez, tremi muito. Via as outras participantes mais bem vestidas e pensava que queria estar como elas, mas não estava. Segui do jeito que estava, competi, fui mostrar que eu também podia estar ali. No fim, participei e ganhei.” Paola foi coroada Miss Trans Parada LGBTQIA+ 2023 de Roraima.


Para Paola, ser uma mulher trans, indígena e refugiada é uma luta constante. “Significa mostrar às outras pessoas que nós trans somos iguais, pessoas como eles, carne e osso como eles.” Ela se sente mais segura no Brasil, onde diz que as pessoas são mais respeitosas e amáveis. “Agora onde vivo, cada um respeita suas decisões, seu modo de viver, de se vestir.”

Por Ezatamentchy  com informações da Acnur.