A artista contou como foi seu processo de autoaceitação e revelou que planeja criar espaço emocional seguro para outras pessoas
Alice Caymmi, artista de 34 anos, enfrentou um longo caminho até sentir-se confortável para discutir abertamente sua orientação sexual. Desde 2014, a temática já era uma constante em suas obras, mas adquiriu nova relevância após um profundo processo de autodescoberta.
Em relato durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), conforme reportado pelo portal Splash, do UOL, Alice compartilhou memórias de sua adolescência, quando já atraía olhares curiosos. "Na juventude, quando tive minha primeira namorada, foi um escândalo. Hoje, identifico-me como pansexual e também queer, pois faço drag", afirmou.
Desde o lançamento de seu álbum inaugural em 2012, Alice Caymmi percebe que as questões de diversidade se tornaram indissociáveis da produção artística contemporânea. "Sempre fui acolhida e agora retribuo esse abraço de forma pública. Minha arte sempre abordou esses temas. É difícil criar algo que não dialogue com toda forma de expressão; arte sem essa interação perde o interesse", destacou a cantora.
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Neta do lendário Dorival Caymmi, Alice observa a diferença entre as gerações no que tange à discussão sobre sexualidade. Enquanto seus parentes mais velhos, como Danilo Caymmi e os tios Nana e Dori Caymmi, mantinham silêncio sobre o assunto, a geração atual sente-se livre para explorar e compartilhar suas identidades e experiências pessoais.
Entretanto, Alice reconhece os desafios persistentes para artistas LGBTQIA+. A visibilidade obtida pode se transformar em um peso, restringindo a percepção do público acerca de suas criações. "Muitas vezes, essa questão antecede o reconhecimento da própria arte. Vejo colegas e amigos da comunidade dizendo: 'Queria que me escutassem mais por meu trabalho artístico'. Artistas incríveis como Liniker frequentemente enfrentam essa situação", refletiu Alice.