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LGBT / RELIGIÃO

Mês da Visibilidade Lésbica: Preta, Mãe e Evangélica

As muitas dificuldades de vencer os dogmas que aprisionam uma pessoa LGBT+

Ezatamentchy Publicado em 22/08/2024, às 15h26

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“Na igreja somos condicionados a nos reprimir sexualmente” - Arquivo pessoal
“Na igreja somos condicionados a nos reprimir sexualmente” - Arquivo pessoal

Por Artur Vieira*

A experiência de quem nasceu sendo lésbica, viveu dentro de um relacionamento heteronormativo por 10 anos devido aos dogmas da criação evangélica que recebeu, e cresceu com a mentalidade de que ser LGBT+ era errado. Essa é a história de vida da paulista de 31 anos e designer Ingrid Niara, mas com certeza você já ouviu várias outras semelhantes a esta por aí.


Num país que a cada dia que passa tem se tornado cada vez mais evangélico (segundo uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos da Metrópole - CEM da USP em julho de 2023 a crescente onda de abertura de templos evangélicos no Brasil) nesse contexto também aumenta o número do preconceito contra a Comunidade Queer, visto que algumas dessas denominações condenam a diversidade sexual.

E na busca para encontrar respostas que tirassem esse peso que a oprimia, e depois de ser arrancada do armário e exposta para toda a família em 2020 pelo antigo relacionamento que estava, Ingrid, no ato de supetão e pedido de socorro, enviou uma mensagem para o Instagram do movimento “Evangelicxs” e foi surpreendida pelo acolhimento e amparo do fundador e pastor (também LGBTQIA+), Bob Luiz Botelho. Em duas horas de ligação explicou com embasamento bíblico que ela não era pecadora e poderia viver com tranquilidade sua sexualidade: essa foi a virada de chave que ela precisava.

Essa é a história de vida da paulista de 31 anos e designer Ingrid Niara


Hoje está vivendo por inteiro sua sexualidade e também a plenitude na sua vida pessoal, já que se vê completamente realizada sendo mãe da pequena Maitê de 7 anos. Inclusive é sua maior parceira e incentivadora, visto que para ela a sexualidade da mãe não faz a menor diferença e não causa nenhum impacto negativo, já que o vínculo afetivo e o ambiente sadio e a rotina bem estabelecida na vida da criança são o principal do relacionamento entre as duas. 

“Como uma mulher lésbica que demorou muito tempo para sair do armário, hoje poder celebrar quem eu sou é libertador”!

Hoje é fácil perceber através do seu sorriso largo, de sua fala bem-humorada e também centrada, os seus posicionamentos sempre certeiros. Ingrid traz uma leveza tão nítida e transparente que chega a contagiar em 45 minutos de entrevista pelo telefone. Tão segura de si e querendo cada vez mais trazer representatividade para as mulheres pretas e lésbicas, ela me narra momentos tão delicados e emocionantes que aguçam a vontade de ouvir cada vez mais.

No nosso papo fica tão evidente que as dores de anos são águas passadas e não refletem em nada nessa mulher madura, bem-humorada e com a terapia em dia, algo que ela mesma faz questão de enfatizar: a importância de recorrer a esse recurso. Hoje é uma das várias histórias de mulher preta, mãe, lésbica e evangélica com êxito que gostaríamos de ler mais vezes em reportagens assim. 

Para conhecer o movimento plural: @evangelicxs_ 
Instagram da Ingrid: @ingridniara

*Artur Vieira é um cristão, gay e jornalista que trabalha com o público LGBT+ desde 2013 na internet com o perfil @devoltaaoreino.

Por Ezatamentchy