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LGBT / ACADEMIA

Primeira mulher trans a concluir mestrado na Feevale analisa LGBTfobia

Luíza Eduarda dos Santos investiga discurso de ódio e transfobia em sua pesquisa acadêmica

Ezatamentchy Publicado em 22/08/2024, às 13h51

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Luíza utilizou três conceitos centrais para sua análise - Arquivo pessoal
Luíza utilizou três conceitos centrais para sua análise - Arquivo pessoal

Luíza Eduarda dos Santos, graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Unisinos e mestre em Processos e Manifestações Culturais, tornou-se a primeira mulher trans a concluir um mestrado na Universidade Feevale, em Novo Hamburgo (RS), ampliando as perspectivas LGBTQIA+ na Academia.

Sua pesquisa focou nos ataques de ódio direcionados à ONG Minha Criança Trans após a participação na Parada LGBT+ de São Paulo em 2023. O estudo, financiado pela CAPES, concentrou-se na análise de publicações no Instagram, classificando-as em duas categorias principais: crianças e ideologia.

Luíza utilizou três conceitos centrais para sua análise: “trans panic,” um discurso de ódio direcionado a pessoas trans; a “abjeção,” segundo Judith Butler; e a “invasão de espaço,” da socióloga Nirmal Puwar, que aborda a entrada de corpos que não se encaixam na norma social estabelecida. Esses conceitos foram fundamentais para compreender as reações negativas quando pessoas trans, incluindo crianças, ocupam espaços que tradicionalmente lhes são negados.

A pesquisadora destaca a originalidade de seu estudo, observando que há uma ausência de pesquisas semelhantes no Brasil. Ela acredita que sua análise contribui para a sociedade ao promover a reflexão sobre reacionarismo, discurso de ódio e falta de empatia. Para Luíza, negar a existência de crianças trans não as faz desaparecer; pelo contrário, essa negação muitas vezes leva a ataques coordenados, como os que investigou.

Durante sua trajetória acadêmica, Luíza enfrentou desafios significativos, especialmente no início de seu curso de mestrado, quando retornou às aulas apenas 18 dias após uma cirurgia. Apesar do medo de enfrentar transfobia, ela encontrou apoio entre colegas e professores. No entanto, quando sua defesa de tese foi divulgada na imprensa local, enfrentou uma onda de comentários transfóbicos nas redes sociais, embora tenha recebido suporte de amigos e colegas.

Luíza expressa gratidão à CAPES por financiar sua formação, destacando a importância da bolsa para a conclusão de seu mestrado. Ela também reconhece o papel crucial do SUS em sua jornada, afirmando que, sem esses apoios, não teria chegado aonde chegou. Já é ícone LGBT+!

Por Ezatamentchy